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CULTURA

Artigo | Os 170 anos da estreia literária de Machado de Assis

Aniversário de 185 anos do escritor é celebrado nesta sexta-feira (21); autor é um dos maiores nomes da literatura

21.jun.2024 às 15h04
Rio de Janeiro (RJ)
Cláudio Soares

Machado de Assis aos 25 anos de idade, em 1864 - Foto: Arquivo Nacional

Embora João Guimarães Rosa fosse reconhecido por sua formação científica e postura cética em relação a fenômenos paranormais, sua vida foi marcada por eventos inexplicáveis. Em seu último livro, "Tutameia", ele revelou que experimentou sonhos premonitórios, telepatia, intuições e coincidências significativas. Rosa parecia possuir uma habilidade única para atrair pessoas, objetos e informações de que necessitava, sem sequer procurá-los. Em uma nota explicativa no livro, ele mencionou o termo "serendipidade", criado pelo romancista inglês Horace Walpole em 1754 e registrado no "Brewer’s Dictionary of Phrase & Fable", para descrever a capacidade de fazer descobertas afortunadas e inesperadas.

A serendipidade também pode explicar um evento notável ocorrido há pouco mais de 50 anos: a descoberta do primeiro poema publicado por Machado de Assis, esquecido por mais de um século e que marcou sua estreia literária.

Esse achado é creditado ao professor e pesquisador Galante de Sousa, cuja dedicação aos estudos sobre Machado de Assis é notória. Galante de Sousa se destacou pela edição completa da obra do autor carioca, revelando textos inéditos e produzindo importantes trabalhos como "Bibliografia de Machado de Assis" e "Fontes para o Estudo de Machado de Assis". Como membro efetivo da Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura em 1959, Galante foi um dos responsáveis por elaborar o texto definitivo das obras do escritor.


Galante de Sousa foi responsável pela redescoberta da estreia literária de Machado de Assis / Foto: Reprodução

Redescobertas Literárias

Em 1972, uma descoberta fortuita feita por Galante de Sousa mudou a percepção sobre a estreia literária de Machado de Assis. Por muito tempo, acreditava-se que o poema “A Palmeira”, publicado em 1855 no “Marmota Fluminense”, era a sua primeira obra. No entanto, ao encontrar por acaso no obscuro “Periódico dos Pobres” de 3 de outubro de 1854, um soneto intitulado “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, Galante de Sousa revelou a verdadeira estreia literária do autor.

Este soneto, composto por 14 versos dispostos em dois quartetos e dois tercetos, evidenciou a vocação literária precoce de Machado de Assis, que se perpetuou por 54 anos de produção contínua, consolidando sua importância na literatura brasileira. Apesar de Galante de Sousa não ter identificado a destinatária do poema, D. Petronilha, sua descoberta é um exemplo clássico de serendipidade e reafirma a impressionante capacidade literária de Machado de Assis. 

A descoberta “serendíptica” desse poema há tanto tempo esquecido não é um caso isolado. O romance "Clara dos Anjos", de Lima Barreto, escrito em 1922, foi resgatado e publicado apenas em 1948. "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida, inicialmente publicado em folhetins entre 1852 e 1853, só foi redescoberto e recebeu reconhecimento no século XX. "Vá, Coloque um Vigia", da escritora norte-americana Harper Lee, escrito antes de "O Sol é Para Todos", permaneceu inédito até 2015, quando o manuscrito foi encontrado por acaso no espólio da autora. "Uma Confraria de Tolos", de John Kennedy Toole, escrito no início dos anos 1960 e rejeitado por diversos editores – fato que levou o autor ao suicídio –, foi publicado em 1980 após a persistência de sua mãe, Thelma, e ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 1981.

Enigma Decifrado

A redescoberta do enigmático soneto de Machado de Assis e a decifração da sigla D.P.J.A., que se refere a Dona Petronilha Júlia de Almeida e Silva, demorou mais de meio século para ser revelada. Apenas em 2022, graças às pesquisas genealógicas do professor e sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, essa informação veio à tona. Dona Petronilha casou-se com Emídio Fernandes da Silva em 27 de maio de 1843, na Igreja do Santíssimo Sacramento, no Rio de Janeiro. Em 1854, é possível que Machado de Assis, então com 15 anos, tivesse certa proximidade com a família pois também dedicou os poemas “Júlia” e “A uma menina”, ambos escritos em 1855, à filha de Petronilha, Júlia de Almeida e Silva.

Isso sugere que Júlia possa ter sido uma paixão adolescente do escritor, sua verdadeira “primeira musa inspiradora”. Será que Machado tentou conquistar as simpatias da mãe para ganhar o coração da filha?

Anos depois, em 1864, Júlia casou-se com Manoel José da Silva Guanabara. Um de seus filhos, Alcindo Guanabara, destacou-se como jornalista, escritor e político. Alcindo foi deputado constituinte republicano e fundou a cadeira nº 19 na Academia Brasileira de Letras. Em 1908, após a morte de Machado de Assis, Alcindo pronunciou o elogio fúnebre na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro.

Legado esquecido

Portanto, Galante de Sousa, possivelmente o maior pesquisador de Machado de Assis, é o responsável pela redescoberta da estreia literária do autor, um fato que ainda é pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Galante faleceu em 10 de fevereiro de 1986, uma segunda-feira de Carnaval, aos 72 anos. Sua morte recebeu apenas três míseras linhas na seção de obituários de um grande jornal carioca. Nos seus últimos anos, trabalhou no Arquivo-Museu de Literatura da Casa de Rui Barbosa. Seu fichário de pesquisa, com mais de 10 mil fichas, foi doado à instituição ainda em vida, destacando a relevância de seu trabalho para a preservação da literatura brasileira.

*Cláudio Soares é editor, escritor e jornalista. Atualmente, está escrevendo a biografia de Machado de Assis.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha do editorial  do jornal Brasil de Fato RJ.

Editado por: Jaqueline Deister
Tags: culturaliteraturamachado de assis
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