A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre anunciou no domingo, 14, o fechamento de duas das suas três emergências que atendem pacientes adultos devido à superlotação: a Emergência SUS, localizada no Hospital Santa Clara, e a Emergência Covid, localizada no Hospital Dom Vicente Scherer, registraram índices próximos dos 300%, segundo informação do hospital.
A Emergência não Covid, além disso, também localizada no Hospital Dom Vicente Scherer, ou a funcionar com restrição máxima, atendendo exclusivamente pessoas com risco de morte iminente. As medidas, segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, serão por tempo indeterminado, “a partir da análise constante do cenário assistencial da instituição”.
Situação continua crítica
Mesmo com a decretação da bandeira preta, a situação das Unidades de Tratamento Intensivo em Porto Alegre segue crítica, com um índice de 116% de ocupação e apenas quatro hospitais registrando vagas em suas dependências. Além da Santa Casa, a situação também é grave no Hospital Moinhos de Vento (160,6% de ocupação da UTI), Hospital Ernesto Dornelles (152%), Hospital Femina (150%) e Hospital de Clínicas (118%).
Das 997 vagas em UTIs adultas de Porto Alegre, havia 1.155 pacientes Covid e não Covid em leitos intensivos ou improvisados em unidades de atendimento clínico. Os casos confirmados de Covid-19 chegavam a 831. Somados aos pacientes com diagnóstico positivo aguardando vaga em emergências, o número chega a 1.058 neste domingo.
A estatística coincide com o pico de casos no Rio Grande do Sul, que no sábado, 13, registrou pela primeira vez durante a pandemia mais de 300 mortes em apenas um dia devido à doença. Segundo o boletim da Secretaria Estadual da Saúde, foram 331 óbitos.
Com os dados de domingo, nos 14 primeiros dias de março o volume de mortes chegou a 2.566. O recorde havia sido em dezembro de 2020, com 2.059 óbitos em 31 dias. A média móvel de novos casos também bateu recorde, com mais de 9 mil registros por dia no Estado.
Demissão de Pazuello
O fechamento da emergência da Santa Casa se dá no mesmo dia em que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pediu demissão do cargo alegando motivos de saúde. De acordo com fontes do governo, o ministro não se recuperou totalmente da infecção pelo novo coronavírus e apresenta problemas respiratórios que motivaram seu pedido de demissão.
Oficialmente, o governo não confirma a saída de Pazuello. “O Ministério da Saúde informa que até o presente momento o ministro Eduardo Pazuello segue à frente da Pasta, com sua gestão empenhada nas ações de enfrentamento da pandemia no Brasil”, informou o ministério por meio de nota.
Em outra manifestação oficial, Pazuello disse que não está doente, não pediu demissão e que vai entregar o cargo se o presidente Jair Bolsonaro solicitar. O ministro marcou uma entrevista coletiva para a tarde da segunda-feira (15), quando fará um balanço de sua atuação no combate à pandemia.
Carreata contra medidas de restrição
Ainda durante o domingo, críticos do distanciamento social saíram às ruas de Porto Alegre em carreata para protestar contra a adoção das medidas de restrição – apesar do aumento no número de casos e de mortes por covid-19. Cerca de 100 veículos participaram do ato. Os manifestantes promoveram um buzinaço e colocaram bandeiras do Brasil nos carros.
Os manifestantes saíram em carreata do Monumento ao Laçador, na avenida dos Estados, na zona Norte da Capital, e chegaram na região do Parcão por volta das 10h.
