A Rússia propôs nesta segunda-feira (2), durante a segunda rodada de negociações diretas entre Moscou e Kiev, em Istambul, cessar-fogo de dois a três dias em certos pontos da linha de frente. O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa do chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, após o término das negociações
Segundo ele, a proposta é para o recolhimento e transferência de corpos dos mortos no campo de batalha entre os dois países. Medinsky afirmou que a Rússia entregará 6 mil corpos de soldados ucranianos à Ucrânia.
“Resolvemos várias questões práticas. Primeiro, estamos entregando unilateralmente ao lado ucraniano 6 mil corpos congelados de soldados e oficiais ucranianos mortos. Eles estavam armazenados conosco. Identificamos tudo o que pudemos, realizamos testes de DNA e descobrimos quem são. Diretamente, de forma organizada, por equipes especiais, entregaremos esses corpos ao lado ucraniano na próxima semana para que possam ser enterrados com dignidade. Não sei se há corpos do nosso lado; se eles tiverem corpos do lado deles, também os aceitaremos”, disse.
O chefe da delegação russa também confirmou que as partes concordaram em trocar feridos graves e prisioneiros menores de 25 anos. Além disso, Medinsky informou que a Rússia entregou à Ucrânia um rascunho de memorando com uma proposta detalhada e “bem desenvolvida” para chegar a uma solução de “paz real e duradoura”.
O documento detalha também as etapas para um cessar-fogo completo, prevendo a variabilidade e diversas maneiras de atingir o objetivo. De acordo com ele, a Ucrânia levou o documento para estudo, para depois entregar sua resposta à Rússia.
A Ucrânia insiste na interrupção total das hostilidades em terra, no ar e no mar. “Dissemos: esta guerra deve acabar. O mundo inteiro nos apoia. Os primeiros os são a cessação das hostilidades, medidas humanitárias e a preparação para uma reunião de líderes”, disse o chefe da delegação ucraniana, Rustem Umerov.
Negociações após grandes ataques ucranianos
A Ucrânia realizou um grande ataque de drones contra a Rússia no último domingo, atingindo vários aeródromos militares e danificando mais de 40 aeronaves. O Ministério da Defesa russo confirmou o ataque, afirmando que “várias unidades de aeronaves” pegaram fogo.
Segundo o ministério russo, aeródromos militares em cinco regiões russas — Murmansk, Irkutsk, Ivanovo, Ryazan e Amur — foram atacadas por drones. A pasta classificou o ato “um ataque terrorista do regime de Kiev”. Várias aeronaves pegaram fogo em aeródromos militares nas regiões de Irkutsk e Murmansk após um ataque de drones FPV, informou o Ministério da Defesa russo, sem especificar o número exato de aeronaves danificadas.
De acordo com o Serviço de Segurança da Ucrânia, 34% dos porta-aviões de mísseis de cruzeiro estratégicos foram danificados em consequência dos ataques de drones ucranianos.
“Sete bilhões de dólares americanos. Este é o custo estimado da aviação estratégica inimiga, que foi danificada hoje como resultado da operação especial ‘Teia de Aranha’ do Serviço de Segurança da Ucrânia”, informou o órgão ucraniano.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Operação Teia de Aranha estava em preparação há um ano e meio e que o “escritório” da operação ficava perto da sede do Serviço de Segurança Serviço Federal de Segurança (FSB) russo, em uma das regiões da Rússia. “Nossa operação de maior alcance. É claro que não podemos contar tudo agora, mas essas ações ucranianas certamente entrarão para a história”, disse Zelensky.
O presidente ucraniano também afirmou que o ataque demonstrou que a Ucrânia é capaz de desferir golpes sensíveis, o que fortalece não apenas sua defesa, mas também a segurança de toda a Europa. Além disso, também no último domingo aconteceu uma explosão de duas pontes nas regiões de Bryansk e Kursk. Uma delas caiu em cima de um trem de ageiros e outra levou ao descarrilamento de outro trem.
A Rússia lançou um ataque com mísseis contra um campo de treinamento na região de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, no domingo, matando 12 pessoas e ferindo mais de 60. O comandante das Forças Terrestres Ucranianas, Mykhailo Drapatiy, renuncia.