Deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) receberam, no sábado (31), um e-mail com ameaças violentas e de caráter misógino. A mensagem foi enviada a todas as parlamentares, independentemente do espectro político, e menciona nominalmente algumas delas.
Segundo as vítimas, a polícia e a presidência da Alesp foram comunicadas ainda no sábado, logo após o recebimento do conteúdo ameaçador. Além disso, uma nota pública, intitulada “Não seremos silenciadas”, foi divulgada nesta segunda-feira (2).
“Trata-se de uma nítida tentativa de silenciar mulheres, em um ataque misógino, racista e capacitista — uma situação que, embora nos cause choque, infelizmente representa mais uma expressão de ódio e violência contra mulheres que buscam ocupar espaços de poder na política do nosso país”, diz o documento. A nota ressalta que, embora algumas parlamentares da Alesp já tenham sido alvo de ameaças semelhantes, esta “é a primeira vez que um ataque é direcionado a todas as mulheres da Casa — o maior parlamento estadual do país”.
“Intimidações desse tipo não podem ser toleradas sob o regime democrático em que vivemos. Elas evidenciam, ainda, a urgência na adoção de políticas públicas de enfrentamento à violência política de gênero”, conclui o texto, assinado coletivamente pelas deputadas estaduais de São Paulo.
Atualmente a Assembleia Legislativa possui 25 cadeiras ocupadas por mulheres, o que representa 27% do total de 94 parlamentares na Casa. O percentual aponta uma crescente em relação aos anos anteriores. Em 2018, 19 mulheres foram eleitas. Antes, em 2014, apenas 11.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que investiga um homem de 28 anos pelas ameaças.
“O caso foi registrado como ameaça, injúria racial e falsa identidade pela Assessoria da Polícia Civil junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nesta segunda-feira (2), foram realizadas diligências que resultaram na apreensão de um computador e um telefone celular na residência de um homem de 28 anos, que é investigado”, informou a SSP.