Em carta direcionada à militância do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-deputado federal José Dirceu declarou apoio a Edinho Silva à presidência da sigla, falou sobre a necessidade de uma reforma da legenda e defendeu uma revolução social e o enfrentamento à política de juros atual.
No texto, José Dirceu afirma que o “momento político” demanda a unidade da vertente Construindo Um Novo Brasil (CNB), que lançou a chapa do ex-prefeito de Araraquara, a fim de assegurar ao partido “a governabilidade” nos próximos quatro anos. O Processo de Eleição Direta (PED) do PT será realizado em 6 de julho, e o vencedor presidirá o partido em um mandato de quatro anos. No total, cerca de 1,6 milhões de eleitores filiados poderão votar.
O apoio a Edinho Silva se baseia, escreve Dirceu, “na legitimidade e na sua experiência como vereador, deputado estadual, presidente duas vezes do PT paulista, quatro vezes prefeito e ministro de Estado no Governo da presidenta Dilma. Edinho tem uma vasta experiência na direção do PT e nos governos que dirigiu e participou, conhece o mundo parlamentar e vem de uma vida de lutas, nas pastorais da juventude e operária da Igreja Católica”.
O ex-ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro governo Lula também afirmou que a militância tem a tarefa de reconstruir e reformar o PT “depois de uma década de ataque frontal, de perseguição e mesmo tentativas de cassação de nosso registro”, citando ainda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dois anos depois.
Para isso, José Dirceu fala em “criar as condições de mobilização popular, social e sindical para fazer avançar as reformas estruturais que o país reclama: a política, tributária e financeira, o que exige que nosso PT se autorreforme para retomar a capacidade de mobilização”.
Dirceu fala ainda em “derrotar de novo a extrema direita e o bolsonarismo” e iniciar uma “verdadeira mudança na vergonhosa concentração de renda e no cartel bancário financeiro, na política de juros e nas metas da inflação”. No início de maio, o Banco Central (BC) – presidido por Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Lula – aumentou a taxa Selic para 14,75%, o maior patamar desde julho de 2006.
Nas palavras do ex-deputado, a empreitada exige “uma radical reforma tributária e financeira, capaz de pôr fim à apropriação e expropriação da renda nacional pelo capital financeiro e agrário, num circuito entre o Banco Central e a Faria Lima, que cada vez mais concentra renda, via os juros altos únicos no mundo”.
O político também afirma que cabe ao PT e às esquerdas “a tarefa histórica de concluir a revolução social brasileira inacabada, que exige duas condições: a soberania e independência nacional, de um lado, e a democracia, de outro, num mundo onde precisamos ter lado, lutar contra a extrema direita e o neofascismo e manter nossa política externa independente e não alinhada, guiada pelos interesses nacionais e pelo nosso projeto de desenvolvimento e integração regional”.
“Vamos dar uma demonstração da força de nossa democracia interna e de nossa capacidade de unir o PT na diversidade e na pluralidade, para reeleger nosso presidente Lula em 2026 e dar continuidade ao nosso projeto político em defesa do Brasil democrático e popular, reiterando nosso compromisso com a CNB e a candidatura mais ampla do nosso companheiro Edinho Silva”, conclui José Dirceu.