Entidades sindicais, movimentos populares e estudantis organizaram no último sábado (24) o lançamento do Plebiscito Popular 2025 na Bahia. A atividade, realizada na Praça da Piedade, no Centro da capital, apresentou a iniciativa que, em setembro, irá consultar a população sobre o fim da escala 6×1, a redução da jornada de trabalho sem corte salarial e a taxação dos super-ricos — que propõe a tributação para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais e isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. Organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a proposta é que, até a votação, sejam realizadas diversas atividades de mobilização para o plebiscito em Salvador e no interior do estado.
“Essa iniciativa é uma forma de a gente conseguir ouvir o povo brasileiro, através dos movimentos sociais, organizando uma consulta popular para que o povo opine sobre essas causas que são tão caras — a redução da jornada de trabalho, para que a gente tenha mais tempo para curtir a família, ter mais lazer, e a questão da justiça tributária“, explica Caio Botelho, secretário de movimentos sociais do Partido Comunista do Brasil (PcdoB).
Embora o plebiscito seja um mecanismo de participação democrática previsto na Constituição Federal, Botelho aponta que esse instrumento quase nunca foi utilizado pelos governos. “Fazer essa consulta popular é uma forma de dizer que o povo tem direito de participar desse processo de decisão e de ter sua opinião escutada sobre essas causas tão justas e corretas”, aponta.
Lucinha do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, secretária nacional de movimentos populares do Partido dos Trabalhadoras (PT), e eleita suplente de deputada estadual (PT) no estado da Bahia, destaca que a proposta foi apresentada na última semana ao governo federal em reunião com Márcio Macêdo, chefe da Secretária-Geral da Presidência da República.
“Há convergência entre as pautas dos movimentos sociais, do governo federal e do parlamento, o que demonstra a concretude e o alinhamento com as demandas de mudança do povo brasileiro. Com o plebiscito, temos a oportunidade de transformar a vida de milhares de brasileiros e brasileiras”, destaca.
A votação será realizada em setembro e, até lá, a proposta é que as organizações realizem atividades de formação e mobilização nas ruas, universidades, associações de bairro e diversos outros espaços coletivos na capital e interior do estado.
Mobilização da juventude

Os movimentos de juventude e entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), também marcaram forte presença na atividade. Em comum, os jovens apontam o impacto da precarização do trabalho para a juventude, e como isso compromete seu o a diversos direitos, inclusive o de permanência nas escolas e universidades.
“A juventude brasileira, sobretudo a juventude preta, é a que está inserida num mercado de trabalho precário, com altas jornadas de trabalho. O processo de uberização também vem contribuindo para aumentar a precarização da juventude, e isso impacta na sua vida, no seu direito ao lazer, à educação”, explica Gustavo Santana, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.
O militante também destaca que, mais que uma votação, o plebiscito é um instrumento de formação e organização popular. “A juventude quer viver e trabalhar dignamente, e a gente compreende que o plebiscito é uma das ferramentas que vai dialogar cara a cara com os jovens, é o povo falando com o povo. Então o plebiscito é uma ferramenta de consulta, mas acima de tudo de uma construção popular, uma ferramenta de trabalho de base.”