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VENENO

Uso intenso de agrotóxicos provoca crise silenciosa na saúde e no meio ambiente no oeste do Pará

Avanço da soja e do milho expõe populações de Belterra, Santarém e Mojuí dos Campos a problemas de saúde

16.jan.2025 às 16h52
Santarém (PA)
Liege Costa

Trator é usado na pulverização de agrotóxicos em lavoura no município de Belterra, região metropolitana de Santarém - João Romano

O oeste do Pará se tornou um dos grandes polos agrícolas do Brasil destacando-se na produção de soja e milho. Os municípios de Belterra, Santarém e Mojuí dos Campos estão entre os dez maiores produtores do estado, mas o uso intenso de agrotóxicos traz consequências.

“A chegada da soja trouxe desenvolvimento econômico para a região, mas a um alto custo”, afirma a Dra. Annelyse Figueiredo, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). “Esses cultivos dependem de agrotóxicos, como o glifosato, que não apenas eliminam ervas daninhas, mas também contaminam o meio ambiente e afetam a saúde humana”, afirmou.

Com o Brasil consolidado como o maior produtor de soja do mundo, a dependência de agrotóxicos cresce, e o glifosato, herbicida amplamente utilizado, torna-se símbolo de um problema que afeta desde o solo até as gerações futuras.

Os números da intoxicação: um alerta para a região

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam) revelam, que desde os anos 2000, 92 casos de intoxicação aguda por agrotóxicos foram registrados em Belterra, Santarém e Mojuí dos Campos ao longo de 24 anos. Belterra lidera as notificações, com 54 casos, enquanto Santarém e Mojuí dos Campos registraram 33 e 5 casos, respectivamente. No entanto, o número pode ser apenas a ponta do iceberg.

“Esses números podem parecer baixos, mas sabemos que para cada caso registrado, outros 50 ficam fora das estatísticas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso significa que o problema é muito maior do que os dados mostram”, alerta Annelyse.

O aumento de casos em Belterra, que ou de 5 notificações em 2018 para 44 em 2023, é motivo de preocupação para especialistas. A situação é ainda mais grave quando se observa que mais de 60% das vítimas são jovens com menos de 19 anos, incluindo crianças e até mesmo bebês.

“Na Escola Municipal Vitalina Mota, localizada ao longo da BR-163, cercada por lavouras de soja, alunos e professores sofrem constantemente com os efeitos da pulverização de agrotóxicos. A exposição gera sintomas imediatos, como náuseas, vômitos e tontura, e frequentemente as aulas precisam ser suspensas”, detalha Annelyse.

Impactos crônicos e subagudos: um legado de doenças

Os impactos do uso de agrotóxicos vão além das intoxicações agudas. Pesquisas apontam para o aumento de casos de câncer, doenças neurológicas e malformações congênitas na região.

“Os agrotóxicos contêm substâncias químicas que podem causar mutações celulares, favorecendo o surgimento de diferentes tipos de câncer, como linfomas, leucemias e tumores de mama e próstata”, explica a Dra. Kalysta Borges, médica oncologista e hematologista do Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém.

Ela também alerta para os danos de longo prazo: “A exposição crônica pode levar a alterações hormonais, problemas neurológicos, danos ao fígado e rins, além de aumentar os riscos de doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Isso é especialmente perigoso para populações vulneráveis, como crianças, gestantes e idosos.”

Dados do Sistema Único de saúde (SUS) revelam um aumento de 123% nas mortes por neoplasias em Belterra entre 2000 e 2020. O aumento mais alarmante foi de 667% nas mortes por doenças do sistema nervoso no mesmo período.

“Esse aumento não é coincidência. Estamos falando de uma população exposta a agrotóxicos de forma contínua, muitas vezes sem saber. Esses números indicam um problema muito maior e com consequências que ultraam gerações”, reforça Annelyse Figueredo.

A visão das lideranças locais

Para Sileuza Barreto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Mojuí dos Campos, os agrotóxicos representam uma ameaça direta à saúde da população e à agricultura familiar.

“Os relatos de câncer, náuseas, dores de cabeça, alergias e problemas na gravidez são constantes. Já identificamos até glifosato na urina de moradores. Isso é muito grave”, denuncia Sileuza.

Ela também aponta para os impactos no meio ambiente: “A pulverização contamina o solo, a água e até as plantações dos pequenos agricultores. Muitas famílias perderam suas produções porque os agrotóxicos atingiram áreas de agricultura familiar. Isso afeta a alimentação, a renda e a qualidade de vida dessas pessoas.”

Apesar das dificuldades, Sileuza acredita na agroecologia como solução: “Estamos fortalecendo a agroecologia nas comunidades. Ela é o caminho para uma produção sustentável e para proteger a saúde das pessoas. Nossa salvação é investir em alternativas que respeitem o meio ambiente.”

Deriva técnica e o alcance invisível dos agrotóxicos

A dispersão de agrotóxicos pelo vento ou pela água, conhecida como deriva técnica, é outro problema grave. Mesmo seguindo normas técnicas, é impossível evitar que os produtos químicos atinjam áreas próximas.

“Escolas, comunidades e corpos d’água estão constantemente expostos. A chuva pode carregar os produtos para igarapés, contaminando a água utilizada para consumo ou irrigação. Isso expõe a população a riscos invisíveis e constantes”, explica Annelyse.

A Dra. Kalysta reforça que a deriva amplia os danos: “Os sintomas de intoxicação crônica podem surgir anos depois, como fadiga constante, doenças autoimunes e, em casos graves, câncer. O consumo de água contaminada ou alimentos expostos ao agrotóxico intensifica esses riscos.”

Caminhos para um futuro sustentável

Especialistas e lideranças destacam a necessidade de ações integradas para enfrentar os impactos dos agrotóxicos: 

– Criação de zonas livres de agrotóxicos: Proteger áreas sensíveis, como escolas, comunidades e corpos d’água; 

– Fiscalização rigorosa: Monitorar o uso de agrotóxicos e proibir pulverizações em locais próximos a populações; 

– Incentivo à agroecologia: Promover práticas agrícolas sustentáveis e fomentar a agricultura orgânica; 

– Conscientização da população: Educar sobre os riscos dos agrotóxicos e os direitos de saúde e proteção ambiental; 

– Melhoria no registro e monitoramento: Criar sistemas públicos para rastrear o uso de agrotóxicos na região.

“Precisamos de políticas públicas eficazes e de um esforço coletivo para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente. Sem isso, as consequências serão devastadoras”, alerta Annelyse.

Sileuza conclui com um apelo: “A agroecologia é a nossa esperança. Não é só sobre produzir alimentos, é sobre garantir que as próximas gerações tenham um futuro.”

Um legado para as futuras gerações

Este é um chamado urgente para que políticas públicas, conscientização coletiva e práticas sustentáveis sejam adotadas em defesa da vida e do meio ambiente no oeste do Pará.

A situação na região reflete os desafios de um modelo agrícola centrado na produção de commodities à custa do meio ambiente e da saúde pública.

“Sem uma mudança estrutural, os impactos do uso de agrotóxicos continuarão a se manifestar por gerações, comprometendo o futuro das crianças, das comunidades e do ecossistema da região”, conclui Annelyse.

Os impactos dos agrotóxicos no oeste do Pará são profundos e complexos, afetando a saúde pública, o meio ambiente e o sustento das famílias. A luta por alternativas sustentáveis e a proteção das populações vulneráveis não é apenas uma questão de sobrevivência, mas um compromisso com as próximas gerações.

* Liege Costa é jornalista da Rede de Notícias da Amazônia.


Editado por: Vivian Virissimo
Tags: agroecologiaagrotóxicosmeio ambientepará
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