Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

SÉRIE ESPECIAL

Transporte coletivo em tempos de crises – capítulo 2

'A mobilidade deve ser um instrumento de inclusão, de democratização do o aos benefícios que a cidade produz'

14.jan.2025 às 20h55
Porto Alegre (RS)
Mauri Cruz

"A cidade é o lugar onde as pessoas vivem. É nesse espaço que elas realizam suas principais necessidades humanas, onde, em suma, são ou não felizes" - Foto: Katia Marko

Acompanhe a série de artigos do advogado socioambiental Mauri Cruz, uma parceria do Brasil de Fato RS e o Instituto de Direitos Humanos – IDhES, para debater alternativas à crise da mobilidade urbana no Brasil.


Não é possível discutir a crise da mobilidade sem refletir sobre sua relação com a dinâmica das nossas cidades. As condições de mobilidade são, em suma, resultado das políticas de uso e ocupação dos espaços urbanos que, para funcionar, exigem a construção de ruas e avenidas, a criação de linhas de transporte coletivo, estacionamentos, áreas de estoque, de carga e descarga e ainda, calçadas e ciclofaixas para proteção de pedestres e ciclistas.

No entanto, a mobilidade também desempenha um papel indutor do uso e ocupação dos espaços urbanos. Ao abrir ou duplicar vias, criar linhas de transporte coletivo ou instalar estacionamentos, a política de mobilidade induz determinado tipo de desenvolvimento. Por isso, pensar na política de mobilidade implica em pensar na concepção de cidade.

Pensando as cidades

Partimos do pressuposto de que a cidade é o lugar onde as pessoas vivem. É nesse espaço que elas realizam suas principais necessidades humanas, onde, em suma, são ou não felizes. Neste contexto, o papel das cidades deve ser proporcionar condições efetivas para que cada pessoa realize seus projetos de vida, tanto individualmente, como coletiva. Para viabilizar estas condições, é que devem existir políticas públicas, cujo objetivo é atender às necessidades das pessoas, garantindo condições ideais para a reprodução da vida, tais como: o ao ar de qualidade, água potável, alimentação saudável, vestuário adequado, proteção e moradia com saneamento, educação, lazer e convivência coletiva, com respeito às características de cada ser humano, em um ambiente seguro e saudável e por meio de mecanismos pacíficos e democráticos de tomada de decisão e resolução de conflitos.

Nesse contexto, o trabalho é meio e condição necessária para proporcionar o atendimento destas necessidades, proporcionando qualidade de vida para todos os seres que vivem nas cidades. Esses conceitos, que à primeira vista parecem óbvios, estão esculpidos na Constituição Brasileira na forma de direitos. Trata-se de direitos fundamentais, condições básicas para a defesa e proteção da vida.

No entanto, as cidades não são assim. Elas reproduzem a lógica do sistema capitalista, onde todas as dimensões da vida são mercantilizadas. Podemos afirmar que o aparente caos das cidades é resultado da concepção que subordina o uso e ocupação urbana para atender aos interesses dos grandes setores econômicos. Controlam nossas cidades as grandes empresas ligadas a cadeia do petróleo, como a indústria automobilística movida a combustíveis fósseis e seus derivados. Também estão incluídos os proprietários de grandes glebas urbanas, que atuam através da especulação imobiliária, da indústria da construção civil e das grandes obras, assim como as cadeias globais de produção de alimentos e de varejo, que se manifestam por meio de hipermercados e shoppings centers.

Mais recentemente, as cidades se tornaram refém das empresas privadas de energia, abastecimento de água e saneamento, setores estratégicos que foram privatizados, além das big techs e seus sistemas de atendimento online, que necessitam da infraestrutura das cidades para fazer a conexão entre trabalhadores explorados de aplicativos e seus consumidores. Não podemos esquecer que, como maestro desta triste sinfonia, impera o capital financeiro e seus tentáculos, através das altas taxas de juros e dos recursos oriundos dos serviços da dívida pública.

Por meio de seu poder econômico e político, esses setores influenciam o funcionamento das cidades, direcionando as decisões sobre o espaço urbano com o objetivo de garantir a acumulação de seu capital e a defesa de seus interesses. Assim, as cidades são construídas a partir de relações sociais desiguais, e um olhar mais atento revelará profundas contradições em como as pessoas se relacionam com elas. Um exemplo dessa lógica, é o investimento de recursos públicos na construção de novas vias, avenidas e viadutos, que privilegiam a circulação de automóveis particulares em detrimento de modais que atendem a um maior número de pessoas, como os transportes coletivos, seletivos e sustentáveis.

As desigualdades decorrentes do modelo econômico capitalista, que concentra riquezas, resultam em duas cidades: uma legal/oficial, a qual apenas alguns privilegiados têm o, e outra ilegal/marginal, onde vive a maioria das pessoas. O lado mais perverso é que os custos da produção da cidade legal/oficial são distribuídos entre todos os cidadãos por meio dos impostos e do financiamento dos serviços públicos. No entanto, os benefícios gerados são privatizados em favor de uma minoria. Um exemplo disso é a própria política de mobilidade, onde a malha viária, que é financiada por toda a cidade, é privatizada pelos proprietários de automóveis, que se apropriam da maior parte do espaço urbano, usufruindo da cidade de forma privilegiada em relação a pedestres e ciclistas e usuários do transporte coletivo.

O Poder Público, que deveria agir como mediador em prol dos interesses da maioria da população, historicamente vem sendo capturado pelo poder econômico e utilizado como instrumento de consolidação de políticas que atendam a esses interesses. A privatização dos investimentos públicos só não é maior porque existem percentuais mínimos constitucionais a serem aplicados em educação e saúde. No entanto, mesmo os direitos têm sido disputados pela lógica do mercado, que busca se apropriar de parte desses recursos por meio das terceirizações e privatizações. Como exemplo desse direcionamento, podemos observar o estoque de grandes contingentes de áreas urbanas reservadas para especulação imobiliária, enquanto a população trabalhadora é expulsa da cidade construída e empurrada para bolsões de pobreza e abandono nos morros, mangues e periferias. Essa situação gera demandas por serviços de transporte, educação, saúde e assistência social, colocando essas pessoas em constante risco de desabamentos, soterramentos ou enchentes decorrentes do colapso climático.

Em síntese, a cidade resultante desse modelo de desenvolvimento não cumpre sua função social, gerando a exclusão da maioria das pessoas. Em relação a mobilidade, produz prejuízos que são compartilhados por toda a coletividade, como o aumento do tempo de deslocamento devido a congestionamentos constantes, a precarização dos serviços de transporte coletivo, um elevado número de mortes no trânsito, poluição sonora e ambiental, contaminação das nascentes dos arroios, córregos e rios, e a desorganização da dinâmica local de trabalho e da economia, gerando dependência em relação ao grande capital. Infelizmente, os elementos constitutivos dessa forma de organização do espaço urbano se transformaram em um paradigma imutável, onde a própria cidade marginalizada enxerga a cidade excludente como seu projeto de futuro.

Rompendo os paradigmas

Paradigmas são ideias que orientam as ações, tornando-se referência, modelo ou padrão esperado de comportamento. Diante de problemas insolúveis, o correto é questionar os paradigmas que sustentam a realidade indesejada para poder mudá-la. Isso ocorre porque soluções dentro do mesmo paradigma tendem a não atacar a raiz dos problemas, apenas atenuando ou, pior ainda, reforçando suas causas.

No que diz respeito às cidades, é preciso questionar os paradigmas que levaram à sua configuração atual. É fundamental voltar ao ponto inicial e responder às perguntas: para que existe a cidade? Como ela deve funcionar? Que interesses deve atender? Quem deve controlá-la? Quem detém direitos sobre ela e seus benefícios? Portanto, é necessário criar um novo paradigma capaz de reorientar a organização e o funcionamento das cidades.

Se o objetivo da cidade é o bem-estar das pessoas e não o lucro do capital, precisamos romper com a lógica da supremacia do automóvel em relação aos outros modos de transporte, da reprodução desordenada e sem critérios do capital privado, e da marginalização contínua das pessoas. É essencial combater as formas de reprodução capitalista e de apropriação privada dos benefícios, riquezas, história e cultura da cidade. Se tudo isso é produzido coletivamente, deve ser colocado a serviço da qualidade de vida de todos.

Para reverter esse quadro, é imperativa uma ação consciente das organizações e movimentos sociais e dos governos populares de inverter as prioridades na organização do espaço urbano, influenciando as mudanças nas relações de poder e alterando de maneira substantiva as funções da cidade.

Uma dessas mudanças radicais deve ser repensar a função da mobilidade como um instrumento de inclusão, de democratização do o aos benefícios que a cidade produz, de reversão dos fatores que geram o aquecimento global e de combate à fome, à pobreza e à violência. Sobre essa nova concepção de política de mobilidade é que nos dedicaremos no próximo capítulo. Até breve.

* Advogado socioambiental, educador popular, consultor da Usideias, Diretor Executivo do Instituto de Direitos Humanos – IDhES, membro do CAMP – Escola do Bem Viver, fundador e Diretor Presidente da EPTC de Porto Alegre (1997-2000), Diretor Geral do DetranRS (2001-2002) e consultor da União Europeia (2003-2009).

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


Editado por: Katia Marko
Tags: mobilidade urbana
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

MESADA

Bolsonaro diz que deu R$ 2 milhões para custear filho que está nos EUA

ARTIGO 19

Mendonça: redes não podem ser responsabilizadas por postagens ilegais

Protesto

MST realiza atos em Marabá (PA) contra instalação da hidrovia Araguaia-Tocantins

Bolsonarismo

Falta de unidade pode enfraquecer extrema direita nas eleições de 2026, avalia professor

AMAZÔNIA

‘Aproveitam brechas da lei para roubar terras públicas’, diz secretário do Observatório do Clima sobre grileiros

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.