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Início Opinião

Retrato da pobreza

A fome não voltou, sempre esteve entre nós, mas agora grita pela boca das mulheres

É preciso conhecer as mulheres deste país, pois a dor da fome é pior quando quem sente é uma mãe

02.jul.2022 às 12h22
Fortaleza (CE)
Monalisa Lustosa Nascimento

fome rio de janeiro - Daniel Ramalho/ AFP

Em 2021, quando a Rede Penssan divulgou o I VIGISAN, Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, os impactos da fome já eram avassaladores. Escrevemos sobre isso em outra oportunidade. E cá estamos novamente.

Desta vez a escrita é ainda mais dolorosa: os números, que representam tantas mães, pais e crianças, aumentaram vergonhosamente. Há mais gente sugada para este buraco. E como se esperava, as mulheres deste Brazil de miséria, padecem a dor mais profunda desta violência. 

A fome não voltou, sempre esteve no meio de nós, mas agora ela grita um grito alto, desesperado, e desta vez até quem não queria ouvir, não pode fugir da realidade. A fome tem rosto, tem voz, tem jeito e fala conosco. 

De acordo com o II VIGISAN, 152 milhões de pessoas estão na zona de insegurança alimentar e mais 33 milhões em situação de fome, a insegurança alimentar grave. O Inquérito da Rede Penssan, expressa ainda todas as nuances da fome no Brasil, destacando que a fome no campo é ainda mais grave. 

As desigualdades regionais se fazem presente em todas as áreas de análise da fome, como renda, saúde, educação e saneamento. Afinal, volto a repetir: a fome no Brasil tem o rosto de mulher, de mulheres nordestinas e nortistas, pretas, pardas e indígenas.

Com entrevistas realizadas face a face numa parceria da Rede Penssan com o Instituto Vox Populi, foram levantados dados sobre os domicílios das cinco regiões brasileiras, de novembro de 2021 a abril de 2022. É grave perceber que em tão pouco tempo de intervalo entre uma pesquisa e outra, os dados revelam o profundo buraco em que o Brasil afundou: dobrou o quadro de pobreza e miséria onde já havia uma epidemia ceifando vidas.

A pesquisa nos revela que os domicílios chefiados por mulheres sofreram o maior impacto do aumento da fome. Em 2020, o percentual de mulheres em estado de fome era de 18,8%, com renda per capita menor que meio salário mínimo. Em 2022, subiu para 34,2%. São as mulheres, mães, chefes de família, que sustentam uma casa com menos de meio salário mínimo per capita a cara, a voz e o choro da fome no Brasil. Isto significa dizer que, neste momento, 6 em casa 10 lares comandados por mulheres estão ando fome. 

Estes lares vivem o maior descaso político e econômico, a maior desassistência e invisibilidade deste Governo e deste país. Talvez, no lugar da dó e da pena, você consiga sentir no peito a revolta, pois a fome no Brasil é uma decisão política.

A fome está mais presente nos lares com crianças. Segundo a Rede Penssan, a fome dobrou nas casas onde as famílias possuem crianças menores de 10 anos. Chegamos em tal ponto deste abismo que nem mesmo os benefícios sociais já tão atacados pelo atual governo são capazes de diminuir o grau de fome no país. Nas famílias que recebem o Bolsa Família (Auxílio Brasil), das que recebem menos que meio salário mínimo por pessoa, a fome atinge 32,7%. Devemos lembrar da extinção do CONSEA em 2019, desmontando políticas públicas e monitoramento da fome no país. 

Em junho, o Jornal Jangadeiro mostrou o caso de mulheres que convivem com a fome em seu grau mais severo e os danos causados para sempre em suas vidas. Uma jovem de 29 anos, conta que tomou a decisão de dar dois de seus filhos para que não morressem de fome.

Já não basta parir na miséria, ver nascer e não ter o leite, ver crescer e não ter o feijão, perder a fé, a esperança e o laço de sangue: é preciso dar ao mundo seu fruto e rezar para que não tenha a mesma sorte. Não é uma obra de Rachel de Queiroz sobre os filhos da seca, é o hoje com os filhos da miséria. 

O Brasil é um dos maiores produtores alimentares do mundo, não sofremos a escassez de produção alimentar. Nossa guerra contra a fome se dá num país que em 2022 deve bater novo recorde na produção agropecuária . A guerra é cotidiana, mas os combatentes (ou melhor, vítimas) são corpos magros, famintos, mães desesperançosas e filhos desnutridos, é gente que se alimenta do lixo e morre de fome no meio da rua. 

Num ônibus em Fortaleza uma mãe gritava pedindo ajuda: “preciso alimentar meus filhos, sou catadora de papelão. Mas o kg do papelão custa só 10 centavos. O que eu vou fazer com 10 centavos?” O que diria Carolina Maria de Jesus em 2022? Talvez o mesmo que em 1960: "o que eu aviso aos pretendentes a política é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la." E é preciso conhecer as mulheres deste país, pois a dor da fome é pior quando quem sente é uma mãe.

*Mestranda em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe (IPPRI/UNESP). 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Editado por: Camila Garcia
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