Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem viver Cultura

ENTREVISTA

Nicolelis: “Todas as aberturas no Brasil foram executadas fora dos parâmetros da OMS”

Pesquisador avalia dados da disseminação da Covid-19 no Nordeste e explica ações que podem deter segundo pico de casos

10.jul.2020 às 17h17
Recife (PE)
Lucila Bezerra

Médico e cientista, Nicolelis coordena o Comitê Científico do Consórcio Nordeste - Laura Molinari

Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Pernambuco, o médico e cientista Miguel Nicolelis, da coordenação da Comitê Científico do Consórcio Nordeste, aponta que “ainda não tem como contar vitória ou achar que a batalha está ganha” no enfrentamento à Covid-19 nos estados do Nordeste. O nono boletim lançado pelo comitê aponta um “efeito bumerangue”: O crescimento de casos na capital seguiu em direção ao interior, e agora há um aumento repentino de casos no interior que retorna para as capitais do estados, onde há mais leitos e mais estrutura para pacientes graves vindos de outras cidades. Confira a entrevista: 

Lucila Bezerra: O Governo do Estado de Pernambuco e alguns estudos da PUC São Paulo apontam que Pernambuco já pode ter ado pelo pico da Covid-19, mas a gente vem observando que existe um aumento no número de casos no geral. Ao que se deve esse aumento?

Miguel Nicolelis: Bom, eu acho que o primeiro fator é a interiorização do vírus pela malha rodoviária de Pernambuco, que permitiu que tivesse um espalhamento da Grande Recife até as áreas mais do interior. A gente tem várias evidências sugerindo que isso ocorreu ao longo dos últimos meses, por exemplo, Caruaru que provavelmente é um dos grandes alvos do tráfego rodoviário da Grande Recife, é um dos lugares onde a gente observou um crescimento bem grande do número de casos, mas também ao longo da BR-101 em direção à Paraíba e Alagoas.

 E aí a gente já começa ver nas últimas semanas casos aparecendo no centro do estado e no extremo oeste: Serra Talhada; Petrolina; houve um espalhamento bem grande da região também de Águas Belas; Garanhuns; Palmares, perto de Alagoas; Água Preta. A gente começou a ver essa interiorização e agora a possibilidade de os casos que foram pro interior, à medida em que casos mais graves se desenvolvem, que eles possam voltar para a Grande Recife em busca de serviços médicos mais especializados e leitos de UTI, que é o chamado "efeito bumerangue" que nós criamos.

Lucila Bezerra: Também já está começando a haver uma reabertura econômica e em cada parte do estado está acontecendo em um nível diferente. É possível que a gente chegue a um novo pico da doença?

Nicolelis: Sem dúvida. A Universidade de Oxford soltou um relatório semana ada mostrando que todas as aberturas do Brasil foram executadas ainda fora dos parâmetros que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, então no momento em que isso ocorre, independente do grau da abertura você se expõe ao risco de ter novos casos se desenvolvendo e novos picos aparecendo em diferentes regiões do estado. 

O Recife colheu bons resultados do lockdown que fez da área metropolitana, da Grande Recife mas, evidentemente, ainda não tem como contar vitória ou achar que a batalha está ganha porque a gente vê com essa interiorização o aumento de riscos mesmo para a área metropolitana. Mesmo em regiões que a gente não fala muito, mas Jaboatão dos Guararapes, por exemplo, eu olho no nosso mapa e vejo um grande número de casos e óbitos e realmente quando você olha na curva, você vê o crescimento que ficou mais lento graças ao lockdown, mas ainda ta crescendo.

Lucila Bezerra: Quais são as recomendações que você indica pra evitar que o estado atinja um novo pico?

Nicolelis: São várias: primeiro, como vários membros do nosso comitê de Pernambuco preconizam, o estado precisa realizar estudos, inquéritos epidemiológicos populacionais pra ter uma noção exata de qual a porcentagem da população que foi exposta ao vírus e é preciso criar um programa, que eu acredito que a Fiocruz de Recife teria toda condição de executar porque tem todos os técnicos de nível internacional, toda a infraestrutura, todo o conhecimento técnico para fazer vários desses inquéritos a cada vinte, trinta dias, que é o preconizado.

É preciso ter um cuidado também com o espalhamento do vírus pelas rodovias. Barreiras sanitárias, controle do tráfego, testagem das pessoas que vão pro interior, das pessoas que voltam do interior é muito importante. Quando houver uma sobrecarga do sistema hospitalar,uma curva de casos ascendente muito séria e com um número de óbitos crescente como a gente vê em Caruaru, por exemplo, é preciso se estabelecer o isolamento social mais rígido, conhecido como lockdown, e ir de encontro ao vírus, nas casas das pessoas, nos locais de trabalho para quebrar a taxa de transmissão. É a única maneira conhecida de você realmente diminuir a reprodução da doença.

O nosso comitê sugeriu a criação do que a gente chamou de "Brigadas Emergenciais de Saúde" que são grupos de agentes da saúde da família, médicos, enfermeiras que vão casa à casa de encontro às pessoas para ver quem está doente, quem precisa ser isolado, quem precisa ser levado ao hospital ou a uma unidade primária de atendimento. Então, é uma estratégia casada por vários componentes que precisa ser posta em prática simultaneamente para a gente quebrar esse ciclo vicioso da expansão do coronavírus.


Gráficos mostram crescimento rápido da doença após reabertura econômica / Consórcio Nordeste

Lucila Bezerra: Como você observa o desempenho do estado de Pernambuco nessas ações de combate ao coronavírus que vem sendo tomadas desde o mês de março deste ano?

Nicolelis:  Eu acho que o governo de Pernambuco tá tentando fazer o que é possível dentro das limitações, eu só acho importante que essas medidas todas que o comitê sugeriu, elas possam ser postas em prática, principalmente o controle das estradas, as brigadas, o uso de barreiras sanitárias e também a preocupação com a interiorização e o efeito bumerangue, porque eu acho que esses são fatores,principalmente o efeito bumerangue, ele não tinha sido antecipado antes, ele foi algo que a gente conseguiu medir e descobrir nas últimas semanas e ele traz uma variável nova que é esse fluxo de pacientes do interior em busca de socorro médico na capital, em Recife, que pode ser rapidamente um aumento da demanda de leitos de enfermaria e de UTI.

São basicamente essas as recomendações e também as fronteiras dos estados porque em certo momento talvez seja importante fazer um controle mais rígido dos casos que saem ou entram por causa do fluxo muito contínuo. A Região Metropolitana de Recife tem fluxos rodoviários dos maiores na região Nordeste por causa do Aeroporto dos Guararapes, por causa de Suape, a conexão com João Pessoa tem um trânsito muito grande e existe um transborde de pessoas infectadas tanto para o lado de Alagoas, como para o lado de João Pessoa e vice versa. É preciso haver uma ação contínua e a ênfase na abertura econômica ser graduada, medida, não só pelos indicadores econômicos, que é o clássico que todo mundo está fazendo, mas sim por agentes epidemiológicos, deveria ser dada prioridade total nesse momento.

Lucila Bezerra: Em relação a região Nordeste como um todo, como você tem observado o desempenho do Nordeste através do consórcio em relação a outras regiões?

Nicolelis: Eu acho que a região Nordeste foi a primeira a criar um comitê científico no Brasil. Empoderar esse comitê, dar autonomia e liberdade pra esse comitê se manifestar e oferecer suas sugestões e recomendações sem nenhum tipo de interferência. Nós temos feito isso, nós temos exemplo de grandes sucessos como o Piauí que implementou basicamente todas as sugestões feitas pelo comitê e ta nesse momento com os melhores índices da pandemia no Nordeste; nós temos o Maranhão que realizou várias das ações sugeridas; a própria Paraíba que fez um isolamento rígido da grande João Pessoa e conversa conosco continuamente; nós temos contato direto com o governador da Bahia, conversei com ele semana ada longamente sobre a situação; temos representantes de todos estados; nesse momento apenas o Rio Grande do Norte não tem representante.

Nós vemos claramente que os estados que estão seguindo recomendações científicas, sendo chanceladas pelo comitê estão tendo resultados muito bons. A gente sempre fica torcendo pra que todos os gestores dêem relevância e importância e ouçam essas recomendações mas, nós só fazemos recomendações, só fazemos sugestões, nós não temos nenhum poder operacional e não tomamos nenhum tipo de decisão. Nós só analisamos o que está acontecendo e qual é o impacto dessas decisões  no avanço da pandemia.

Lucila Bezerra: Como é o trabalho do Comitê Científico em uma situação como essa de pandemia?

Nicolelis: Basicamente o comitê está se reunindo virtualmente, nós temos representantes dos estados, nós temos 9 sub-comitês formados por cientistas de todo o Brasil, não só do Nordeste e nós temos também uma plataforma virtual de colaboração de cientistas de toda a sorte, de todas as especialidades com mais de 2 mil colaboradores, é uma das maiores, se não a maior do Brasil nesse momento. 

Nós coletamos dados, modelos, informações, fazemos análises, fazemos gráficos de toda sorte e oferecemos esse material aos governadores de cada estado e também publicamos os nossos boletins periodicamente para informar a sociedade como um todo do estado da pandemia no Nordeste. É um trabalho voluntário Todos nós somos voluntários, ninguém recebe nada e todos basicamente colaboram tentando oferecer as melhores práticas científicas, as melhores soluções encontradas no mundo pra gente implementá-las no Nordeste.

Lucila Bezerra: Observando o papel que vem tendo esse comitê e os resultados que vêm sendo alcançados a partir das ações tomadas com base nas recomendações, como você entende a importância da pesquisa científica no Brasil e de valorizar mais esse tipo de trabalho?

Nicolelis: Eu acho que claramente a pandemia trouxe à tona a necessidade da ciência ser levada mais a sério pelos governos, pelos gestores e pelas sociedades dos países. Em todos os países onde a ciência foi posta em primeiro plano, ela ajudou demais a combaterem a pandemia. Por exemplo, na Alemanha, onde os institutos de pesquisa foram chamados a ajudar o governo alemão e desempenharam um papel central; na Coréia do Sul da mesma forma; a própria China…

A gente vê aqui no Brasil finalmente a sociedade brasileira começando a acordar porque é importante apoiar a ciência, financiar projetos de pesquisa em todo o país, apoiar as universidades federais onde mais de 90% das pesquisas científicas do Brasil são feitas. Nesse sentido, eu acho que a ciência está correspondendo, oferecendo alternativas, abordagens novas, práticas de sucesso e também contribuindo para várias ações, inclusive a possibilidade de desenvolver uma vacina que melhore essa situação a nível mundial.

Então eu acho que a ciência e, em particular, o nosso comitê ta tendo uma repercussão muito grande no Brasil, ta sendo ouvido pela sociedade, infelizmente o Governo Federal não tem essa boa prática de levar em conta os conselhos e a experiência dos cientistas mas na região Nordeste nós temos ouvidos que nos ouvem e realizam ações que são baseadas nas recomendações do comitê e na prática da ciência de alto nível.

Transcrição: Iyalê Tahyrine

Editado por: Vanessa Gonzaga
Tags: consórcio nordestecovidomspernambuco
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Racionais MCs

‘Não tem romantismo, é real’: KL Jay fala sobre a exposição do Racionais, cultura periférica e resistência

Abraço Guarapiranga

‘Ameaça é o que não falta’: Abraço Guarapiranga neste domingo (1º) denuncia avanço de projetos rodoviários nos mananciais de SP

NÃO PODE MENTIR

Justiça Eleitoral cassa mandato do vereador de São Paulo Rubinho Nunes por divulgar laudo falso contra Boulos

MEMÓRIA

Mais um bom combatente, que deixa muitas saudades

Ameaça ambiental

Atos contra PL da Devastação acontecem neste domingo (1º) em todo o Brasil

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.