A juventude é o momento da vida em que muitos desafios se colocam para as pessoas, seja pela autonomia financeira, decisão profissional – que está intimamente ligada à educação – , pela afirmação de valores e identidades perante a sociedade, etc.
Esse também é um momento de grande vulnerabilidade para esse segmento social. De acordo com o último Censo (2010) existem no Brasil cerca de 51,3 milhões de jovens, sendo que 85% desses jovens vivem nas cidades. Destes, 74% estão inseridos no mundo do trabalho (53% trabalha e 21% procura trabalho) e apenas 37% estudam (IBGE).
O cenário se agrava quando olhamos para o Mapa da Violência de 2016, que apresentou uma enorme concentração de mortalidade nas idades jovens, com pico nos 20 anos, quando os homicídios por armas de fogo atingiram a impressionante marca de 67,4 mortes por 100 mil jovens. A situação se agrava quando os jovens são negros. Em 2014, morreram, proporcionalmente, 158,9% mais jovens negros que brancos.
Esse cenário é herança de um sistema de exclusão e violência que marcam a sociedade brasileira há mais de 500 anos e têm sido parte ativa de nossa construção como sociedade, alimentando a segregação e contribuindo para a perpetuação da gritante desigualdade social brasileira.
No entanto, a juventude também é o momento em que os indivíduos têm maior disposição em mobilizar-se para transformarem suas vidas. Não houve sequer um grande processo de transformação social em que os jovens não tivessem sido os protagonistas. No Brasil, vimos, nos últimos anos, o crescimento das mobilizações de rua marcadas com a cara da juventude, em luta contra os retrocessos nos direitos das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, especialmente, após o golpe de Estado sob a condução do presidente ilegítimo Michel Temer.
Nesse cenário, é necessário que haja um conjunto de reformas que estruturem o país para dar conta dos serviços de que a população jovem necessita: transporte público eficiente, melhorias no sistema de saúde, educação pública de qualidade, incentivo à cultura e arte, ampliação do o ao ensino superior, democratização dos meios de comunicação, etc.
Contudo, essas melhorias precisam vir acompanhadas de politização da vida, de resgate da memória do povo, da história brasileira e das mudanças que os projetos de nação podem ocasionar na vida da população jovem e nos outros segmentos.