A morte de uma professora da rede estadual dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, em Curitiba, na sexta feira, 30, reacendeu o debate sobre o adoecimento mental de profissionais da educação no Paraná. A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (2) para denunciar o que classifica como um processo sistemático de assédio e pressão institucional imposto aos professores pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).
Segundo dados da Secretaria da istração e da Previdência (Seap), obtidos via requerimento apresentado por Ana Júlia, mais de 8.800 professores foram afastados por motivos relacionados à saúde mental apenas em 2024. Embora o número represente cerca de 13% do total de docentes da rede estadual (68.837), a situação é ainda mais alarmante entre os profissionais concursados (QPM): os 8.888 afastamentos correspondem a 23,5% do quadro efetivo de 37.773 professores.
O número representa cerca de 13% do total de docentes da rede estadual, que atualmente conta com 68.837 profissionais, conforme dados do portal Consulta Escolas.
As informações foram apresentadas por Ana Júlia em sua atuação como coordenadora da Frente Parlamentar de Saúde Mental.
“É um assunto muito delicado, que merece ser tratado com a devida atenção pelo governo. Os dados demonstram o quanto o assédio e a pressão sobre os professores têm aumentado, principalmente por conta de metas abusivas, cobrança excessiva e a falta de autonomia em sala de aula”, afirmou a deputada.
Ana Júlia também criticou o uso intensivo de plataformas digitais, que, segundo ela, ampliam a sobrecarga dos docentes e reduzem a autonomia pedagógica nas escolas.
Durante o pronunciamento, a parlamentar relatou o caso noticiado pelo Brasil de Fato Paraná de um professor que, mesmo hospitalizado, foi obrigado a participar de uma formação promovida pela Seed. “No dia 22 de maio, solicitamos, via ofício, esclarecimentos sobre a política de faltas e pedimos uma revisão das diretrizes. Até hoje, não recebemos qualquer resposta”, denunciou. Para ela, o silêncio da secretaria evidencia uma “política de assédio moral institucionalizada”.
Ana Júlia também prestou solidariedade à família da professora Silvaneide Andrade, que faleceu na última sexta-feira (30) no colégio Jayme Canet, e a todos os profissionais da rede estadual. “São os estudantes e o próprio Estado do Paraná que mais perdem com esse cenário. Estamos assistindo à retirada silenciosa do direito à educação”, concluiu.