O candidato à presidência da Bolívia, Andrónico Rodriguez, terá que buscar outro partido para poder disputar as eleições de agosto no país. O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) boliviano determinou nesta segunda-feira (26) que a sigla Movimento Terceiro Sistema (MTS) não poderá concorrer na disputa de 17 de agosto. Favorito no pleito presidencial, o presidente do Senado agora terá até 6 de junho para encontrar um novo partido para concorrer ao executivo nacional.
A Justiça afirma que o MTS não renovou sua diretoria no prazo estipulado. O pedido foi feito por Peter Erlwein Beckha contra o presidente do MTS, Félix Patzi.
“Esta Primeira Câmara Constitucional do departamento de Beni (norte) concedeu um mandado de proteção e ordenou ao TSE que aplique a lei, ou seja, cancele a personalidade jurídica do MTS”, afirmou o advogado da autora do processo, Diego Coímbra, em entrevista coletiva.
Andrónico respondeu a decisão da Justiça e afirmou que o Tribunal está sendo “influenciado politicamente” para “impedir o avanço de um novo projeto político legítimo e a vontade soberana do povo”. Em publicação nas redes sociais, ele convocou uma reunião com lideranças de movimentos populares para angariar apoio à candidatura.
“Diante desta grave situação, convocamos amanhã uma reunião de emergência com os líderes nacionais e departamentais dos setores sociais, com o objetivo de tomar decisões firmes e responsáveis. Esse tipo de ação não só gera desordem e incerteza, mas também aprofunda a crise que já afeta a população”, disse.
A candidatura de Andrónico foi lançada em 19 de maio pela Aliança Popular, coalizão composta pelo MTS, o Partido Socialista Revolucionário (PSR) e o Movimento Autonomista pelo Trabalho e a Estabilidade (Mate). A vice na sua chapa era Mariana Prado.
Ele também respondeu às acusações do ex-presidente Evo Morales, que o chamou de “traidor” e apoiador do atual presidente Luis Arce. Andrónico afirmou que, se Evo provar que ele é traidor, ele renunciaria à candidatura e apoiaria o Evo Pueblo, grupo criado por apoiadores do ex-presidente para defender a presença do líder cocalero na disputa.
“Peço àqueles que me acusam de traidor que me provem objetivamente que sou um apoiador de Arce, parte do império ou parte da direita. Se o fizerem, em 24 horas, renunciarei à liderança e ao Senado e me juntarei ao seu chamado (para apoiar Evo Pueblo). Mas, se não o fizerem, parem os ataques e unam-se pelo mesmo objetivo”, disse.
Com apenas 36 anos, Andrónico ganhou protagonismo entre a nova geração de políticos da Bolívia, que representam os movimentos populares, com parte dos analistas bolivianos considerando-o “sucessor natural” de Evo Morales. Essa relação está muito vinculada ao fato de o jovem ter tido uma formação política como dirigente cocalero, assim como o ex-presidente.
A sua candidatura ganhou força justamente depois do racha entre Arce e Evo. Os dois têm disputado a candidatura e o protagonismo na esquerda boliviana, mas nenhum deles será candidato à presidência. Evo está impedido de concorrer pela Justiça boliviana, enquanto Arce desistiu de disputar a reeleição por não querer ser um “fator de divisão” no país.
Com isso, o candidato do Movimento Al Socialismo (MAS), Eduardo del Castillo. Na última pesquisa apresentada pelo instituto Red Uno, Andrónico liderava com 18% das intenções de voto.