Qual a dimensão do assédio sexual e moral contra mulheres jornalistas nas redações e assessorias de comunicação do Distrito Federal em 2025? Essa é a pergunta central da pesquisa lançada pelo Coletivo de Mulheres Jornalistas do DF, para atualizar dados sobre violências de gênero no ambiente de trabalho.
O estudo, apresentado em 22 de março durante encontro em celebração ao Mês da Mulher, tem como objetivo mapear desafios enfrentados pelas profissionais da categoria, com ênfase em segurança, assédio e condições laborais. O formulário — disponível até 30 de junho — é aberto a jornalistas de todo o país, que devem indicar sua região de atuação. O link está disponível para participação.
Dados históricos e mobilização
Na primeira edição da pesquisa, em 2016, 77,9% das 535 participantes relataram ter sofrido assédio moral por colegas ou superiores. Naquele ano, um caso emblemático chocou a categoria: a demissão de uma jornalista do IG após ser assediada pelo cantor Biel durante coletiva. O episódio acelerou a criação do Coletivo, fundado no âmbito do Sindicato dos Jornalistas do DF (SJPDF).
Três anos depois, em 2019, novo levantamento apontou que 70% das profissionais já haviam enfrentado assédio sexual no trabalho. Como resposta, o Coletivo e o SJPDF lançaram a campanha “Assédio não faz parte do trabalho. Denuncie!”, com ações em redações para esclarecer condutas abusivas e pressionar empresas a adotarem protocolos.

Avanços e desafios
Segundo Renata Maffezoli, coordenadora do Coletivo e diretora do SJPDF, houve progressos: “Ampliamos o debate e vimos maior abertura para denúncias. Algumas empresas aram a dialogar sobre medidas educativas”. No entanto, ela ressalta resistências: “Faltam comissões paritárias para tratar assédio, lgbtfobia e racismo, e nossas pautas por equidade salarial seguem ignoradas”.
Sobre o Coletivo
O Coletivo é autônomo e reúne jornalistas, fotógrafas e diagramadoras. Interessadas podem contatar [email protected] ou seguir as redes sociais.