Nesta semana, dois estados brasileiros confirmaram a ocorrência de óbitos por febre do oropouche entre janeiro e março. Até agora, a doença transmitida por mosquito e que causa sintomas semelhantes à dengue já causou quatro mortes em território nacional, três no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo.
O dado preocupa porque, até o ano ado, nunca haviam sido registradas vítimas fatais por causa da doença. As primeiras mortes relatadas na literatura científica internacional ocorreram no Brasil. Em 2024, foram mais de 13,8 mil casos e três óbitos.
Além disso, o ano ado também foi marcado por uma mudança considerável na propagação do vírus. Anteriormente, a maior parte dos casos era registrada no território amazônico. Hoje, já há infecções relatadas em todas as regiões. Parte desse movimento pode ser explicada pela oferta de testes em todo o país.
Ainda assim, a presença da doença em estados do Sudeste aumentou consideravelmente. Os dados mais recentes, atualizados no último dia 10, mostram que, dos mais de 10 mil casos de 2025, 6 mil foram registrados no Espírito Santo. O Rio de Janeiro tem quase 2 mil casos.
As “mudanças altamente preocupantes” nas características da localização dos casos febre do oropouche, com registro em regiões que não são consideradas endêmicas, levaram a Organização Pan-Americana da Saúde a emitir um alerta epidemiológico de risco alto para a doença no continente, em agosto do ano ado
Embora os óbitos registrados recentemente no Brasil ainda não tenham sido oficializados pelo Ministério da Saúde, o boletim epidemiológico da pasta aponta que há uma morte em investigação no território nacional.
Epidemia?
Mesmo com número crescente de infecções, a propagação da febre do oropouche não significa que o Brasil vive uma epidemia da doença. Para que o cenário sanitário chegue a essa classificação é preciso ocorrência de um número alto de casos em todas as regiões do país.
Os dados atuais mostram ocorrências em 17 unidades da federação, mas nove delas têm menos de uma dezena de registros. Além disso, Acre, Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Rio Grande do Sul não contabilizam casos.
A febre do oropouche é transmitida pela picada do mosquito Culicoides paraensis, também conhecido como maruim, meruim, mosquito pólvora ou mosquito do mangue. Ele mede de um a três milímetros, ou seja, é menor do que o Aedes aegypti, causador da dengue. As recomendações para evitar a picada são uso de roupas que cubram o corpo e repelentes.
O Culicoides busca lugares úmidos, com muita matéria orgânica em decomposição, como folhas, galhos, cascas, frutas e verduras. A população deve evitar áreas com grande presença dos insetos.
Também é importante manter ambientes limpos, assim como evitar água parada e acúmulo dos elementos mais propícios à proliferação. Quem vive em áreas com registro de casos deve procurar atendimento médico caso apresente sintomas. Possíveis situações de exposição devem ser relatadas.
A doença pode causar dor de cabeça, dor no corpo e dores abdominais. Há casos assintomáticos, o que amplia a possibilidade de subnotificação. Os sinais também podem ser confundidos com outras condições, como a dengue. Não há vacina ou tratamento específicos e os cuidados de pacientes têm foco no controle de sintomas.