Com objetivo de compartilhar reflexões sobre identidade, ancestralidade e resistência por meio da leitura e da escrita, acontece entre os dias 8 e 29 de março (sábados), pela manhã e à tarde, ciclo de oficinas literárias. Promovido pela Pequena Biblioteca de Leituras Pretas, os encontros serão no centro cultural Vila Flores (rua São Carlos, 759, bairro Floresta – Porto Alegre), de forma gratuita. Serão realizadas quatro oficinas literárias, que abordam poesias ou escritas pessoais, como diários e cartas.
“O Projeto Pequena Biblioteca de Leituras Pretas (PBLP) surgiu a partir da leitura do livro Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, no qual a filósofa propõe uma série de atitudes que as pessoas podem adotar para terem posturas, além de não racistas, antirracistas. Ler autoras e autores negros é umas dessas atitudes”, explica a curadora da Pequena Biblioteca de Leituras Pretas, Mara Lúcia Silva, ao Brasil de Fato RS.

Conforme aponta o co-fundador da Ekoar Educação, iniciativa que realiza o projeto, João Marcos Machado, já foram realizadas diversas oficinas pontuais em diferentes eventos e encontro. Contudo, é a primeira vez que os realizadores organizam uma série de oficinas temáticas que teve início em novembro de 2024.
Um olhar para além das leituras individuais
Para Maria Lúcia, a Pequena Biblioteca de Leituras Pretas se destaca das demais oficinas por difundir a leitura de obras de autoria negra de língua portuguesa, uma vez que o projeto inclui também autoras(es) dos países africanos que falam português. As oficinas contam, além da literatura, com intervenções artísticas, como as de teatro e música, e a facilitação de uma historiadora, com a intenção de propiciar aos participantes percepções sensoriais para além das leituras e contextualizações histórico-sociais pertinentes a essas. “A proposta é oferecer uma conexão com diversas artes e não somente uma oficina de literatura”, afirma.
Na edição atual, cada atividade contará com intervenções, recebendo leituras encenadas pela atriz Lizandra Ayello, que entrelaça a oralidade às emoções, ou a apresentação da historiadora Vanessa Bayo, que aborda o universo feminino, o feminismo e, principalmente, o feminismo negro. As leituras do primeiro dia serão voltadas especificamente para textos escritos por mulheres negras, em reconhecimento e celebração ao Dia Internacional da Mulher.

Machado comenta que o projeto tem como propósito lançar um olhar para além das leituras individuais, e abranger as “leituras pretas”, de todas as áreas do conhecimento, sejam elas artísticas ou científicas. “Acreditamos que, para além do viés da luta antirracista, o que já é por si só muito importante, a realização dessas oficinas visa a ampliação do público leitor e o fomento de um mercado editorial mais equânime do ponto de vista social e racial.”
Indagada sobre como a Pequena Biblioteca de Leituras Pretas contribui na luta antirracista, Mara Lúcia Silva afirma que ela o faz na medida em que difunde as obras de autoria negra e apresenta ao público a forma como esses artistas pensam e veem as suas realidades. Como assumem o protagonismo, tanto como criadores quanto como personagens. “Rompem o ciclo de contação de ‘histórias únicas’, circunstância para a qual a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie chama a atenção. Ao contarem as histórias da sua gente – de como sentem, sofrem, amam, refletem – humanizam desse modo grupos que são discriminados por conta do racismo e de preconceitos que ainda são entranhados em nossa sociedade e persistem neste século XXI.”
Sobre os encontros
Os encontros são abertos para todos os públicos, com vagas limitadas e que contemplam pessoas de diferentes faixas etárias, ocupações, regiões e cores, valorizando a diversidade e promovendo um espaço de aprendizado compartilhado. No turno da tarde, haverá presença de intérpretes fazendo tradução simultânea para Libras. Cada oficina é independente, sendo possível participar de apenas uma ou de mais. As inscrições estão abertas pelo site bit.ly/pequenabiblioteca-inscrições.
Programação:
- Escritas de Si: dia 8, das 9h30 às 12h
- Poesia Rio Grande do Sul: dia 8, das 14h às 17h, com tradução para Libras
- Poesia África/Brasil/Rio Grande do Sul, dia 29, das 9h30 às 12h
- Escritas de Si, dia 29, das 14h às 17h, com tradução para Libras
* Com informações da Assessoria de Imprensa.
