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Artigo

O imperialismo estadunidense e a solidariedade chinesa na longa luta do Panamá pela soberania

À medida que a China aprofunda seus laços com a América Latina, os EUA respondem com ameaças de sanções e anexações

08.fev.2025 às 17h00
São Paulo (SP)
Tings Chak

In 1964, 20 million people participated in solidarity protests in cities across China - via archive

Em sua primeira viagem internacional como Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio enviou uma forte mensagem de advertência ao presidente do Panamá, José Raúl Mulino. Em consonância com a mensagem da campanha presidencial de Donald Trump, Rubio afirmou que “na ausência de mudanças imediatas” para reduzir a “influência da China” sobre o Canal do Panamá, Washington seria obrigado a “tomar as medidas necessárias.”

No discurso de posse de Trump, duas semanas antes, a única menção à China foi ligada ao Canal do Panamá. Depois de declarar que renomearia o Golfo do México como “Golfo da América,” Trump lamentou que o Canal do Panamá tivesse sido “tolamente entregue ao país do Panamá” e afirmou que “acima de tudo, a China está operando o Canal do Panamá. Não demos para a China. Demos para o Panamá, e vamos pegá-lo de volta.” A retórica de Trump se encaixa perfeitamente em suas ambições expansionistas e imperialistas declaradas, desde a anexação da Groenlândia e do Canadá até a “recuperação” do Canal do Panamá, que, por si só, foi um produto do intervencionismo e do interesse imperialista dos EUA na região.

A independência do Panamá da Colômbia em 1903 foi apoiada pelos Estados Unidos na medida em que seus interesses futuros foram garantidos. Quinze dias depois, o Tratado Hay-Bunau-Varilla foi assinado, concedendo aos Estados Unidos direitos exclusivos para construir um canal através do Panamá e estabelecer a Zona do Canal “perpetuamente.” A soberania panamenha sobre a Zona do Canal tornou-se o centro de décadas de luta, culminando em janeiro de 1964, quando estudantes tentaram erguer uma bandeira panamenha no local em protesto contra o imperialismo norte-americano. Eles foram recebidos com brutal repressão, e vários estudantes foram feridos e mortos.

Somente sob a liderança de Omar Torrijos, o Panamá finalmente conseguiu obter o controle da Zona do Canal, solidificado nos Tratados Torrijos-Carter em 1977. Como uma importante vitória para a soberania nacional do Panamá, os tratados estabeleciam que os Estados Unidos abandonariam o controle da área em 1979, com a transferência total da istração sendo concluída em 1999 – agora mais uma vez ameaçada pelas provocações da istração Trump.

Marco Rubio visitou o Panamá como parte de uma viagem por cinco países da América Central, incluindo Guatemala, El Salvador, Costa Rica e República Dominicana. Conhecido por sua postura agressiva contra a China, o ex-senador da Flórida expressou preocupações sobre a influência chinesa sobre o canal, alertando sobre seu potencial de se tornar um “ponto de estrangulamento” em tempos de conflito e uma “ameaça direta à segurança nacional dos Estados Unidos.” Como resultado dessa visita, o Panamá anunciou que não renovaria sua participação na Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR) da China.

O Panamá foi o primeiro país da América Latina a aderir à ICR, embora vários projetos de investimento tenham sido suspensos ou cancelados em 2019, com a eleição de Laurentino Cortizo como presidente. A presença chinesa no Canal do Panamá começou a se fortalecer em 2016, quando a estatal Cosco Shipping enviou seu primeiro navio pela expansão do canal, um projeto de US$ 5 bilhões, financiado e construído ao longo de nove anos. No mesmo ano, o Grupo Landbridge da China comprou o maior porto do Atlântico do Panamá, na Ilha Margarita, por US$ 900 milhões.

Em 2018, empresas chinesas como China Harbour Engineering Company e China Communications Construction Company garantiram um contrato de US$ 1,4 bilhão para construir a quarta ponte sobre o canal. Durante esse período, após romper relações diplomáticas com Taiwan (República da China) em junho de 2017, o Panamá estabeleceu relações diplomáticas com a República Popular da China. Atualmente, sete dos onze Estados-membros da ONU que ainda mantêm laços com Taiwan estão na América Latina e no Caribe.

Globalmente, não há dúvida de que a China tem sido um dos principais atores no comércio marítimo. Na última década, sob a bandeira da “Rota da Seda Marítima,” a China investiu em 129 portos em dezenas de países, principalmente no Sul Global. No entanto, apenas 17 desses portos são de propriedade majoritária de entidades chinesas – nenhum deles no Panamá. Embora empresas chinesas istrem infraestruturas significativas ligadas ao transporte marítimo no Panamá, não há evidências de que o governo chinês controle o canal. Desde 2018, a Hutchison Ports Holdings, um conglomerado privado de Hong Kong, istra os portos de Balboa e Cristóbal, com sua concessão renovada em 2021 após ar por duas rodadas de auditorias – agora sujeita a uma nova revisão desde as alegações de Trump.

Apesar das alegações de Trump sobre o controle chinês e a suposta taxação injusta dos embarques dos EUA, os Estados Unidos continuam sendo o principal usuário do Canal do Panamá. Em 2023, cerca de 70% dos navios que usaram o canal estavam ligados ao comércio dos EUA. Mais de 208 milhões de toneladas de carga tinham os EUA como origem ou destino, com a China em segundo lugar, com 64 milhões de toneladas, seguida pelo Japão, com 41 milhões de toneladas, e Coreia do Sul e Chile empatados com 27 milhões de toneladas. Ainda assim, a istração Trump tem sugerido medidas extremas, como a compra direta do canal ou a sua tomada forçada, algo para o qual os EUA não têm qualquer base legal.

O governo panamenho rejeitou categoricamente as alegações de Trump. O presidente José Raúl Mulino afirmou: “Não há possibilidade de abrir qualquer tipo de conversa sobre [a transferência da propriedade do canal].” Os sindicatos e movimentos sociais do Panamá também se mobilizaram para defender sua soberania. No dia da posse de Trump, manifestantes denunciaram suas ameaças expansionistas como parte de um protesto mais amplo na Cidade do Panamá contra mudanças no sistema público de pensões. Saúl Méndez, líder do Suntracs, declarou: “Trump tenta apagar com um capricho aquilo que foi conquistado com a vida de patriotas. O Canal é panamenho, e sua soberania pertence ao povo panamenho.” Protestos semelhantes ocorreram antes e durante a visita de Rubio.


Protesto na China em solidariedade com a luta do Panamá por soberania / via archive

Reafirmando o apoio da China à soberania do Panamá, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, destacou o canal como “uma grande criação do povo panamenho” e prometeu continuar respeitando sua neutralidade. Mao Ning, assim como o embaixador chinês no Panamá, Xu Xueyuan, após a visita de Rubio, também mencionou os protestos de solidariedade em 1964, quando milhões de chineses se mobilizaram para denunciar o massacre de manifestantes e defender a soberania panamenha. Em sua declaração de solidariedade, publicada como panfleto, o presidente Mao Zedong afirmou:

"A heroica luta travada agora pelo povo do Panamá contra a agressão dos EUA e em defesa de sua soberania nacional é uma grande e patriótica luta. O povo chinês está firmemente ao lado do povo panamenho e apoia plenamente sua justa ação de oposição aos agressores dos EUA e de busca pela recuperação da soberania sobre a Zona do Canal do Panamá. O imperialismo dos EUA é o inimigo mais feroz dos povos do mundo."

61 anos depois, o Canal do Panamá, outrora símbolo da dominação imperial dos EUA, ressurge novamente como objeto das ambições imperialistas norte-americanas, na reafirmação da Doutrina Monroe. À medida que a China aprofunda seus laços com a América Latina, substituindo os EUA como principal parceiro comercial da América do Sul, os Estados Unidos têm respondido com mais ameaças de sanções e anexações – e, por vezes, respostas insignificantes.

Através de iniciativas como a ICR, que agora conta com a participação de 22 países da América Latina e do Caribe, a China se tornou uma das maiores fontes de investimento estrangeiro direto e financiamento de infraestrutura na região. Um exemplo notável é o Porto de Chancay, no Peru, um projeto de US$ 3,5 bilhões construído por empresas chinesas, que reduz o tempo de transporte entre a Ásia e a América Latina de 35 para apenas 23 dias, cortando um quinto dos custos.

Em contraste gritante, na esteira da visita do presidente chinês Xi Jinping ao Peru antes da cúpula do G20 no Brasil, o ex-secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou a “doação” de trens de ageiros como uma tentativa da istração Biden de “fortalecer a parceria entre os Estados Unidos e o Peru.” No entanto, longe de ser uma verdadeira doação, a realidade revelou-se bastante diferente: a linha ferroviária de ageiros da Califórnia, Caltrain, vendeu seus antigos trens a diesel, com mais de 40 anos de uso, para Lima por US$ 6,32 milhões, já que o sistema ferroviário da Califórnia estava modernizando sua frota com novos trens elétricos.

Seis décadas atrás, as palavras de Mao Zedong ressoaram por toda a China, com até 20 milhões de cidadãos chineses organizando protestos de solidariedade, desde Shenyang, no nordeste, até Guangzhou, no sul. Slogans como “Apoio firme à luta do povo do Panamá pela recuperação do Canal do Panamá” e “Panamá sim, ianques não!” tomaram as ruas e as transmissões de rádio. Essas exigências ainda ressoam hoje, enquanto o povo do Panamá defende firmemente sua soberania diante da nova onda de agressões dos EUA na região.

*Tings Chak é diretora de arte do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato

Editado por: Martina Medina
Tags: imperialismo
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