A China inaugurou no final de junho na província de Gansu, na região noroeste do país, mais um trecho de trens de alta velocidade.
A linha, que conecta a capital da província, Lanzhou, à cidade de Wuwei, contará com trens que operam a uma velocidade máxima de 250 km por hora, ando por seis estações e se estendendo por 193 km.
O novo trecho faz parte de uma ferrovia maior que conecta a capital de Gansu à capital de Xinjiang, a cidade de Urumqi. Com mais de 1,9 mil quilômetros, ela é a maior da região Noroeste do país e a única que conecta a Região Autônoma de Xinjiang com o resto da China.
Ela percorre o Corredor de Hexi, um trajeto histórico e o mais importante da Antiga Rota da Seda nesta região.
A nova linha marca também a superação da meta de construção de ferrovias de alta velocidade que estava prevista para 2030. Segundo informou o Conselho de Estado da China no começo deste ano, o país já possui os 45 mil km de linhas de trem-bala.
Os projetos começaram em 2004, quando o governo chinês criou o revisado em 2016, onde foram estipulados alguns dos objetivos alcançados com antecedência.
O plano incluiu o projeto de uma rede de ferrovias de alta velocidade chamado "oito verticais e oito horizontais". A meta foi a de duplicar a rede anterior para melhorar a conexão entre as regiões Norte e Sul, e entre o Leste e o Oeste do país.
Jovens de diversas etnias da província de Gansu na inauguração da linha de alta velocidade entre Lanzhou e Wuwei / Mauro Ramos
Outro objetivo traçado pelo plano é expandir a rede de trens de alta velocidade até conectar todas as cidades com populações de mais de meio milhão de habitantes. Segundo o último censo, a China possui 105 cidades com mais de 1 milhão de habitantes.
Em um estudo publicado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento, o especialista em transporte Manmohan Parkash afirmou que uma das razões do sucesso dos projetos é o fato de a China possuir "uma força de trabalho disciplinada e qualificada que apoia ativamente a gestão quando novas técnicas, práticas de trabalho e medidas de eficiência são introduzidas".
Para o especialista “a prestação de serviços de transporte de baixo custo e de longa distância para a circulação de ageiros e mercadorias deve ser a principal contribuição das ferrovias para o desenvolvimento econômico do país”.
Mapa do planejamento ferroviário de alta velocidade chamado "oito verticais e oito horizontais" na China / "China Contemporânea"
Conectividade e revitalização rural
A nova linha inaugurada em Gansu no final de junho mudou o potencial do transporte na região, aumentando a capacidade de transporte de ageiros e liberando linhas para o traslado de mercadorias, explica ao Brasil de Fato Wang Dalin, funcionário do China Railway Lanzhou.
"[A ferrovia] Lanzhou-Urumqi desempenhou um papel muito importante na revitalização rural, na construção do Cinturão e Rota e na abertura da conexão ferroviária China-Europa”, disse.
Uma das novas estações fica em Tianzhu, um condado de maioria étnica tibetana que tem como atividades principais a agricultura, pecuária e turismo.
Ao Brasil de Fato, Hao Yuqin, da Companhia de Turismo Cultural de Tianzhu, acredita que a nova estação vai contribuir para a comercialização dos produtos agrícolas do condado, como a carne de iaque, que vem do bovino de grande porte típico dessa região.
O desenvolvimento da malha ferroviária de alta velocidade na China tamém é visto como um elemento importante da revitalização rural, um programa que dá continuidade às políticas de erradicação da extrema pobreza no país. Além de impulsionar o turismo local, novas estações de alta velocidade no interior do país podem incentivar novos pequenos negócios e gerar empregos, evitando a migração interna em busca de oportunidades.
"A abertura da nossa ferrovia de alta velocidade também desempenhou um grande papel no desenvolvimento da nossa economia e da indústria do turismo no condado de Tianzhu. […] Então bem-vindos todos a nosso condado, para provar alguns de nossos produtos", disse Hao Yuqin.
