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Análise

Em desertificação, Caatinga se fragiliza mais com chegada de indústrias de energia renovável

O bioma, eficaz em capturar carbono da atmosfera, teve 4 mil hectares devastados em 2022 para produção de energia

23.jul.2023 às 11h20
São Paulo (SP)
Verônica Pragana

Impactos da produção industrial de energia renovável nas comunidades e no meio ambiente são pouco divulgados - Adriana Galvão/Acervo AS-PTA

Você já deve saber que as mudanças no clima afetam a produção do nosso alimento. Estudos apontam que o clima é responsável por 30% do desempenho dos cultivos. Mas será que você também sabe que uma das principais soluções para barrar o aumento da temperatura da Terra afeta a produção de alimentos?

A tal solução é trocar a matriz energética: da queima dos combustíveis fósseis para a produção industrial de energia a partir dos ventos e do Sol. Nesse caso, o problema está localizado na palavra "industrial", que representa um modelo centralizado gerador de lucros volumosos para as megacorporações em detrimento da qualidade de vida da população do campo e do equilíbrio ambiental.

O incentivo à instalação desses parques industriais se sustenta numa história contada de forma repetida e, nessa versão, há muita informação – extremamente importante para a humanidade – que é intencionalmente não divulgada.

Uma delas é o desmatamento da Caatinga e suas muitas consequências ao ambiente. A outra são as intensas e diversas perturbações às populações afetadas diretamente por esses parques industriais construídos onde antes era quintal, roçado, áreas de preservação ambiental.

Impacto na Caatinga

Um estudo científico divulgado em 2020 considera a Caatinga a floresta mais eficiente no consumo de carbono em comparação aos demais tipos de florestas mundialmente estudadas até agora. A pesquisa foi realizada por quatro universidades federais – do Rio Grande do Norte, Campina Grande, Pernambuco, Oeste do Pará – e duas instituições federais – o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

Na matéria divulgada no portal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, se afirma que "os ecossistemas florestais desempenham relevante papel de limpeza do ar porque absorvem grandes quantidades desse gás atmosférico, um dos responsáveis pelo aquecimento global (…) o novo estudo (…) demonstra que a Caatinga atuou como sumidouro de CO2, mesmo num período de seca extrema que assolou a região durante o período de observação. Durante dois anos monitorados, o grupo observou que o bioma sequestrou mais de 3 toneladas de carbono por hectare".

:: "A Caatinga deve ser estudada como referência", diz pesquisadora sobre mudanças climáticas ::

Ou seja, a solução defendida para conter a emissão de gás carbônico pode ser um tiro no pé e enfraquecer ainda mais um bioma que já tem 9% de sua área desertificada, segundo o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), e 85% em processo moderado de desertificação.

Recentemente, o MapBiomas divulgou o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) 2022 que registrou, pela primeira vez, a destruição da Caatinga causada pela expansão da infraestrutura das ditas "energias limpas". 
Em 2022, mais de 4 mil hectares da única floresta exclusivamente brasileira foram derrubados pelas usinas de energia eólica e solar, incluindo as linhas de transmissão.

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Impacto nas populações do campo

Além da questão ambiental, esses parques industriais, com um mar de placas fotovoltaicas e incontáveis cataventos gigantes, provocam empobrecimento, fome, expulsão do campo, adoecimento e muita dor para as famílias que residem no entorno.

O impacto social é inestimável, apesar de ser apresentado como inexpressivo pelas empresas com interesse em lucrar com essa oportunidade de mercado em expansão nas próximas décadas. 

E o que você sabe sobre isso? Você já ouviu ou leu algum depoimento de famílias que moram nas áreas de influência desses parques industriais após uns cinco anos de funcionamento? É bem provável que a sua resposta seja 'não'. Porque pouco tem sido divulgado na grande mídia sobre esses impactos.

Apesar do silenciamento das histórias dessas comunidades, famílias do território da Borborema, no semiárido da Paraíba, têm tomado conhecimento que a "palavra" usada pelas empresas é "maquiada" quando elas chegam nas comunidades para convencê-las a contratos de arrendamento das propriedades. Esses contratos concedem, sem a compra da terra, o direito da exploração dos ventos e do sol aos mega-empreendimentos.

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Uma das vozes ativas na divulgação dos malefícios desses parques industriais na Borborema é Jailma Fernandes. Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Montadas, município a cerca de 160 quilômetros de João Pessoa, ela sente e sabe que essa é a sua missão.

Em 2022, a liderança sindical participou, em Solânea, da 13ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que pautou pela primeira vez os danos sociais desses megaprojetos de energia. Assim como Montadas, Solânea é um dos 13 municípios que fazem parte do Polo da Borborema, um coletivo que reúne 13 sindicatos rurais e cerca de 150 associações comunitárias também rurais. 

"Quando fui para Solânea e escutei o depoimento das mulheres, o que elas estavam ando com relação às eólicas, veio à tona tudo o que amos na época do fumo [entre os anos de 2007 a 2015]. Se na época, em Montadas, houvesse a movimentação que está havendo hoje, eu e meu marido não tínhamos entrado nessa, mesmo que a gente estivesse precisando de dinheiro. Tudo o que a empresa disse, eu acreditei. Acreditamos na palavra. Não lemos o contrato. E tudo o que eles falam foi maqueado", dispara Jailma.

Em março ado, a 14ª edição da Marcha aconteceu em Montadas e Jaílma subiu no palco para dar as boas vindas às mulheres e entregar a cada uma o seu testemunho. "O fumo entrou na nossa vida sem a gente saber o que ele podia ocasionar. Depois de cinco anos que meu marido trabalhava com o fumo e aplicava os agrotóxicos, desenvolveu o câncer. Descobrimos a doença em janeiro e ele morreu em fevereiro de 2020. A empresa do fumo [a Souza Cruz] foi embora do território, mas a dor ficou e só é nossa. O tempo a e a dor não ameniza. Essa dor não tem acalento. O fumo e as empresas de energia eólica, de forma diferente, causam a mesma dor, sofrimento, constrangimento. E as famílias afetadas vão ficar abandonadas sem saber a quem recorrer quando os problemas começarem a acontecer. O que a gente quer para nosso território, onde já se produz alimentos saudáveis, sem uso de veneno, é uma agricultura livre de qualquer ameaça."

A questão é o modelo

Lá pro início do texto, destacamos que o problema consiste numa palavra, na verdade, em duas: o modelo industrial de geração de energia. Há outro caminho viável e que está na boca dos povos do campo e dos estudiosos do tema. 

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Esse caminho não tem nada de mágico, nem impossível. Mas solicita vontade política e capacidade dos gestores públicos enfrentarem as mega corporações internacionais que se voltam para o novo filão de mercado.
A produção de energia renovável pode ser, de fato, limpa se o seu modelo de produção for descentralizado. Ou seja: em vez de termos gigantes parques industriais gerando energia e lucros volumosos para empresas, podemos ter um modelo que priorize a produção de energia de forma descentralizada. Imagina se cada casa do campo ou da cidade tivesse um sistema de placas solares o quanto de energia poderia ser produzida para consumo da própria família e venda do excedente.

Caminho há. O que precisa é, como dissemos antes, coragem política para tirar o poder de decisão das mãos do capital em prol da saúde da Mãe Terra e dos povos rurais. Ou seja: em prol de toda a humanidade.
 

*Verônica Pragana é jornalista e integra o Núcleo de Comunicação da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia

Editado por: Thalita Pires
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