Os candidatos derrotados nas eleições presidenciais paraguaias seguem questionando a vitória de Santiago Peña, do tradicional Partido Colorado, de direita, e promovendo protestos.
Correligionários do esquerdista Efraín Alegre, da coalizão opositora Concertação Nacional, e do nacionalista de extrema direita Paraguayo "Payo" Cubas, do Partido Cruzada Nacional, realizaram protestos na capital, Assunção, e bloquearam uma via de o à cidade nesta segunda-feira (8), nas imediações do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, em protesto pelo resultado de duas semanas atrás.
Segundo a TV Telesur, o bloqueio ocorreu depois que representantes da oposição convocaram um protesto para a manhã desta segunda, para reivindicar a abertura dos boletins de votação para recontagem. O ex-candidato Alegre também postou vídeo em suas redes sociais cobrando "transparência".
Essa foi a primeira eleição paraguaia realizada com urnas eletrônicas. Mas, diferentemente do Brasil, lá o sistema é misto, porque as urnas emitem um comprovante impresso de votação.
O progressista Alegre também exigiu a libertação de todos que foram detidos durante as manifestações ocorridas após as eleições, inclusive seu adversário Cubas. O candidato da extrema direita foi preso na última sexta-feira, sob acusação de perturbação pública, após alegar fraude eleitoral e liderar protestos contra o resultado.
Na ocasião, houve bloqueios de ruas e conflitos. Ao menos 74 pessoas foram presas, segundo a Polícia Nacional do Paraguai, que historicamente apoia o Partido Colorado, assim como as Forças Armadas e órgãos estatais importantes. Fundado no século 19, o Colorado governou o Paraguai durante praticamente toda a sua existência, com exceção do período entre 2008 e 2012, quando foi comandado pelo bispo esquerdista Fernando Lugo, deposto por um golpe.
Peña obteve 42,7% dos votos e tomará posse no dia 15 de agosto. O segundo colocado foi Alegre, com 27,4%, seguido por Cubas, com 23%.
Analistas ouvidos pela BBC Brasil disseram que a distância de cerca de 15% entre o primeiro e o segundo colocado dificultaria os questionamentos dos opositores. No entanto, o resultado da eleição de domingo não foi previsto pelas pesquisas de opinião consideradas mais confiáveis, que indicavam empate técnico com vantagem para Efraín Alegre.
