Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem viver Cultura

CULTURA

Primeiro desfile de Llamadas em Porto Alegre comemora o Dia Municipal do Candombe

Os grupos Candombe Porto Alegre, La Brasa Lunera e Tambor Tambora inauguraram a tradição do Dia do Candombe na Capital

10.dez.2022 às 10h02
Porto Alegre
Ziza Rabelo

A região escolhida para a celebração não poderia ser outra, a clássica Cidade Baixa, território historicamente negro da Capital - Foto: Maí Yandara

“Quando o tambor começou a golpear-se a si mesmo, todos os que estavam mortos há cem anos levantaram-se e vieram testemunhar como o tambor tocava o tambor…”

Amos Tutuola

“Ta-ta-ta, tata!”: O som seco da baqueta na madeira vem chamando; é dia de tambores. O primeiro desfile de Llamadas da cidade, no último sábado (03/12), consagrou o que já se sabe: Há Candombe em Porto Alegre.

A região escolhida para a celebração não poderia ser outra, a clássica Cidade Baixa, território historicamente negro da Capital. Ao som dos tambores Chico, Repique e Piano, desfilam bandeiras, estandartes, lua e estrela, corpo de baile, mama vieja, gramillero e escobero – elementos da tradição uruguaia que servem de referência para o movimento de resgate do Candombe na Porto Alegre dos últimos 4 anos. Totalizando mais de 60 tambores, os grupos Candombe Porto Alegre, La Brasa Lunera e Tambor Tambora aram pela João Alfredo, antiga Rua da Margem, inaugurando na Capital a tradição do Dia do Candombe.


Totalizando mais de 60 tambores, os grupos aram pela João Alfredo, antiga Rua da Margem, inaugurando na Capital a tradição do Dia do Candombe / Foto: Maí Yandara

O ritmo de origem Bantú, com significativa influência das nações provenientes de onde hoje estão localizados Congo, Angola e Moçambique, vem aparecendo de maneira tímida há mais de uma década na cidade. Mas foi somente em 2019 que o Candombe começou a ser resgatado como movimento cultural organizado em Porto Alegre.

“A partir de conversas informais entre frequentadores do bar Guernica, na Cidade Baixa, começou a mobilização no sentido de criar um projeto permanente de Candombe no Rio Grande do Sul, com a pretensão de resgatar, difundir e enraizar essa cultura”, conta Pepe Martini, tamboreiro da Candombe POA e um dos idealizadores do movimento.

De lá para cá, o ritmo floresceu na Capital através de toques permanentes em espaços públicos, oficinas com tocadores uruguaios, encontros semanais de agrupações em ruas e parques da cidade e projetos como o Candombe no Areal, que realiza oficinas abertas e gratuitas na sede da escola de samba mirim Areal do Futuro, no Quilombo do Areal – território remanescente do antigo cinturão negro de Porto Alegre.


Movimento realiza oficinas abertas e gratuitas na sede da escola de samba mirim Areal do Futuro, no Quilombo do Areal / Foto: Maí Yandara

3 de dezembro é o Dia Municipal do Candombe

Em reconhecimento às iniciativas citadas, a cidade ganhou, em 2022, uma lei que estabelece o dia 3 de Dezembro como Dia Municipal do Candombe no calendário de datas comemorativas, um o importante para consolidar a cena que já contabiliza três comparsas (agrupações) ativas em Porto Alegre.

A data, que já é comemorada no Uruguai como o Dia Nacional do Candombe, da Cultura Afro-uruguaia e da Igualdade Racial desde 2006, relembra um evento comovente: Quando, pela última vez, soaram de maneira espontânea os tambores do cortiço Mediomundo, antes localizado no clássico Barrio Sur em Montevidéu, dois dias antes do seu despejo e demolição pela ditadura militar uruguaia, em 1978.


Ao som dos tambores Chico, Repique e Piano, desfilaram bandeiras, estandartes, lua e estrela, corpo de baile, mama vieja, gramillero e escobero / Foto: Maí Yandara

“Mais de 30 tambores, liderados pelas Lonjas de Cuareim, se juntaram para dar adeus ao cortiço com uma última sessão de baile e percussão. A festa transbordou o pátio do edifício e chegou até a rua. Ninguém esteve ausente, e todo Palermo (bairro colado ao Barrio Sur) se uniu à esta última jornada”, conta o historiador Reid Andrews em seu livro “Negritud En La Nación Blanca: Una História de Afro-Uruguay”.

:: Tambores que falam: antirracismo e feminismo no candombe afrouruguaio ::

Para além da justa homenagem à efeméride montevideana, a lei municipal serve também como tributo aos extintos Candombes porto-alegrenses e gaúchos. No Rio Grande do Sul, há registros da cultura em regiões como a do Alto-Taquari, do Litoral Norte e das Charqueadas.

Já em Porto Alegre existem registros de diversas ocorrências da Festa do Tambor, sendo a mais notória, sem dúvidas, o famoso Candombe da Mãe Rita, líder espiritual e comunitária que possuía seu terreiro nas imediações do Beco do Firme, atual rua Avaí. Por ali reuniam-se aos domingos negros de diferentes nações africanas para dançar e tocar tambor em ritmos que, pela falta de registros, só nos cabe imaginar.

Restou, portanto, romper a fronteira imaginária do pampa do sul da Terra, para beber da fonte do Candombe uruguaio, que nunca secou. Esse, tocado com os três tambores que juntos formam uma cuerda, popularizou-se de forma massiva nos últimos anos e chegou a ser reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.


As vestimentas clássicas também foram vistas na João Alfredo / Foto: Maí Yandara

Os desfiles de Llamadas consolidaram-se como alguns dos eventos mais importantes do Uruguai, ocorrendo em diversas datas comemorativas. Neles, as comparsas – equivalentes às nossas escolas de samba – saem pelas ruas com seus elementos tradicionais.

No evento do último sábado, em Porto Alegre, foi possível ver esses itens em algumas comparsas. Além das bandeiras e estandartes, estavam presentes a meia-lua e a estrela, que significam o respeito e a presença dos anteados que já se foram; a mama vieja, que representa a rainha das antigas salas de nação, as amas de leite, as lavadeiras, as cozinheiras, as costureiras e as mães sábias e bondosas que cuidam não somente de seus filhos, mas de todos; o gramillero, que representa o rei das salas de nação na figura de um curandeiro, como um bruxo de idade avançada, é, também, guardião das histórias e saberes; e, por fim, o escobero, que traz em sua vestimenta uma escova para “varrer” os maus augúrios dos caminhos das comparsas.

As vestimentas clássicas também foram vistas na João Alfredo: chapéu de palha, bombachudo – uma espécie de bombacha mais curta, dominó – jaleco que imita um traje de gala, alpargatas, meias pretas e as cintas (fitas) entrecruzadas nas pernas que simbolizam as chicotadas às quais os escravizados eram frequentemente submetidos.


O último 3 de Dezembro deixa a certeza de que o coração de Porto Alegre apenas voltou a pulsar no toque do tambor / Foto: Maí Yandara

Tudo isso comprova que o Candombe vai muito além da música produzida por Chico, Repique e Piano. É uma tradição ampla, rica e viva. São tambores que cantam, corpos que dançam. É cultura popular e ancestral, na qual a vida em comunidade é elemento central para consolidação e construção de grupos e comparsas. Tal qual o pampa que une Uruguai e Rio Grande do Sul, o Candombe gaúcho é também repleto de horizontes infinitos. O último 3 de Dezembro deixa a certeza de que o coração de Porto Alegre apenas voltou a pulsar no toque do tambor.

* Jornalista, fotógrafa e candombeira na @candombepoa

Editado por: Katia Marko
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

MESADA

Bolsonaro diz que deu R$ 2 milhões para custear filho que está nos EUA

ARTIGO 19

Mendonça: redes não podem ser responsabilizadas por postagens ilegais

Protesto

MST realiza atos em Marabá (PA) contra instalação da hidrovia Araguaia-Tocantins

Bolsonarismo

Falta de unidade pode enfraquecer extrema direita nas eleições de 2026, avalia professor

AMAZÔNIA

‘Aproveitam brechas da lei para roubar terras públicas’, diz secretário do Observatório do Clima sobre grileiros

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.