A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, nos últimos 12 meses, o café praticamente dobrou de preço, o leite subiu quase 30% e o pãozinho francês teve aumento de cerca de 25%.
Além disso, a pesquisa mostra que é necessário trabalhar cada vez mais para comprar os itens básicos da alimentação. Em Curitiba, por exemplo, uma cesta básica de alimentos para a família custa, segundo o estudo, R$ 701,26, o equivalente a mais de 60% do salário mínimo. Para comprar só isso, são necessárias mais de 127 horas de trabalho, mais da metade do mês para quem ganha o mínimo.
Para entender como o aumento do preço dos alimentos tem se refletido no dia a dia da população, o Brasil de Fato Paraná foi às ruas ouvir trabalhadoras e trabalhadores.
Leite só de vez em quando
Antônio Jesus Cardoso de Lima Filho é trabalhador da reciclagem e presidente da Associação de Catadores Novo Amanhecer, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Na mesa de sua casa, ele conta que o leite ou a ser item raro.
"Leite é muito de vez em quando. Faz tempo que eu não compro, sabe. Antes, quando comprava com mais frequência, estava no preço de R$ 3,80, por aí. Agora, tem que pesquisar bastante de mercado em mercado, mas por menos de R$ 5,00, não encontra. Eu fico com dó de quem tem criança, não está sendo fácil."
Antônio Jesus Cardoso de Lima Filho, trabalhador da reciclagem, conta que o leite ou a ser item raro na mesa de sua casa / Arquivo pessoal
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Mãe deixa de comer para garantir leite das crianças
Luciana Alves, moradora do CIC, é mãe de 3 filhos, dois em idade escolar e uma bebê de 8 meses. As três crianças têm o leite como parte importante da alimentação. Ela e o marido são catadores de recicláveis e viram o preço do que vendem diminuir e, de outro lado, o gasto com a comida aumentar.
"Meus filhos todos tomam leite. Está sendo bem difícil conseguir comprar com essa alta de preços. Antes, os reciclados eram mais bem pagos também, mas agora diminuiu nossa renda com o que estão pagando nos recicláveis. Com isso, a gente deixa de comer, de comprar comidas para garantir o leite das crianças", diz. Na ponta do lápis, Luciana conta que o gasto em leite dobrou. "Antes eu gastava entre R$ 150 e R$ 200. Agora, entre R$ 300 e R$ 400. Está um absurdo", conta.
Alta no preço do leite fez Luciana diminuir a compra de outros alimentos / Arquivo Pessoal
Por que está aumentando
Segundo Sandro Silva, supervisor técnico do Dieese no Paraná, vários fatores explicam a subida de preços dos alimentos.
O leite já vem em tendência de alta dos preços desde fevereiro em Curitiba. Teve pico de aumentos em março e abril, caiu em maio, e voltou a subir fortemente em junho deste ano, com mais de 9% de aumento. Os números têm a ver com o aumento do custo de produção (combustíveis e outros insumos), com pessoas abandonando a produção de leite e a entressafra que ocorre no inverno.
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No caso do café, a grande alta foi no ano ado, pela redução da oferta internacional e a pressão dos custos, principalmente do frete. A cotação alta do dólar também afeta o preço do produto, já que a exportação gera mais lucro para os revendedores.
Preços nas alturas
Em 12 meses, veja quanto subiu cada produto em Curitiba, segundo dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica do Dieese:
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Café: 98,71%
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Tomate: 56,19%
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Farinha de trigo: 44,38%
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Açúcar refinado: 38,44%
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Batata: 30,00%
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Leite integral: 29,24%
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Pão francês: 25,00%
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Manteiga: 23,24%
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Banana: 15,69%.
