Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

recife

Artigo | A tecnologia de reconhecimento facial em Recife, capital da “Democracia Racial”

Campanha “Sem Câmera na Minha Cara” denuncia os abusos e perigos da implementação dessa tecnologia

20.jun.2022 às 10h36
Recife (PE)
Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE)
"O reconhecimento facial aumenta o encarceramento em massa e penaliza os mais pobres e negros", afirma o especialista Pablo Nunes

"O reconhecimento facial aumenta o encarceramento em massa e penaliza os mais pobres e negros", afirma o especialista Pablo Nunes - Justin Sullivan/Getty Images North America/AFP

Alguém deve ter caluniado Josef K., porque foi preso uma manhã, sem que ele houvesse feito alguma coisa de mal.

O início do romance kafkiano é sempre interpretado como um absurdo, um exagero figurativo a fim de alcançar um impacto estético e fazer o leitor refletir sobre as perigosas engrenagens do sistema de justiça. No entanto, foi dessa mesma forma que José Domingos Leitão, em sua casa, na cidade de Ilha Grande, interior do Piauí, surpreendido pela polícia civil do DF, acordou. Do lado de cá da linha do equador, o absurdo ganha robustez, concretude e não permite a reflexão nem o respiro uma vez que é estampado diante de nós, todos os dias. 

José Domingos, homem negro e nordestino, é mais um “caso isolado” de erro das tecnologias de reconhecimento facial que vem se somando mês a mês em diversas cidades do país. 

Leia também: Cerca de 90% das pessoas presas com uso de reconhecimento facial são negras

Em 2021, no Recife, o debate sobre a tecnologia de reconhecimento facial se intensificou. A Prefeitura anunciou que seriam instalados 108 relógios digitais pela cidade com diversas funcionalidades, entre elas a de reconhecimento facial. A tecnologia, segundo o anúncio, ganharia espaço no Recife por meio de uma parceria público-privada.

A possibilidade de instalação de câmeras com essa tecnologia foi vista com apreensão por ativistas dos Direitos Humanos, movimentos sociais e profissionais que trabalham com tecnologia, direito digital e proteção de dados. Com razão, haja vista os resultados negativos gerados com a implementação da tecnologia em questão em diferentes lugares onde foi aplicada, sobretudo para a população negra, travesti e transexual.

Saiba mais: Câmeras com reconhecimento facial no Recife podem agravar racismo e ameaçar direitos

 

Em resposta à movimentação social, a Prefeitura realizou Consulta Pública e Audiência Pública sobre a realização da Parceria público privada por meio das quais diversos pontos foram levantados pela sociedade civil, em especial a proposta de banimento da tecnologia de reconhecimento facial. 

Entretanto, sem ouvir efetivamente a população, reforçando a lógica de uma escuta meramente formal, num processo realizado às pressas e pouco transparente, a Prefeitura do Recife se recusa a voltar atrás na instalação das câmeras de reconhecimento facial. O que ensejou a articulação entre diversas organizações e coletivos, entre eles a ANEPE, em torno da campanha “Sem Câmera na Minha Cara”, que denuncia os abusos e perigos da implementação dessa tecnologia e visa pressionar os atores do poder executivo municipal.

Leia também: Racismo digitalizado: como funciona o preconceito impresso nos algoritmos?

Para abordar um tema como esse, tão novo, cujo debate ainda permanece encastelado entre os acadêmicos, é fundamental traduzi-lo a partir dos seus impactos na população mais vulnerabilizada por essa tecnologia.

Assim, segundo o levantamento produzido pelo Colégio Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege) foram mapeados, apenas na Cidade do Rio de Janeiro, 58 erros de reconhecimento, num período de 10 meses, sendo 80% dessas vítimas, pessoas negras. 

No mesmo sentido, a Rede de Observatórios da Segurança monitorou os casos de prisões e abordagem com o uso de reconhecimento facial em todo país e chegou a um resultado alarmante: 90,5% das prisões foram de pessoas negras.

Não é por acaso que os dados demonstram a concentração de erros das câmeras de reconhecimento facial sobre a população negra, embora o senso comum entenda as decisões automatizadas como neutras e confiáveis, deve-se atentar para a realidade de que a tecnologia não é neutra. 

Em verdade, por trás dos códigos que programam a inteligência artificial que reconhece e criminaliza cidadãos, existe uma sociedade ainda pautada no racismo. O pensamento supremacista branco que associa a brancura ao belo, puro, rico e inocente também age na degradação da pessoa negra e no sequestro das imagens produzidas sobre nós, fazendo o povo negro ser associado à subalternidade, à pobreza ao crime e à violência. 

É sobre esse panorama que as câmeras de reconhecimento facial são desenvolvidas e “treinadas”, foi nesse contexto que uma foto do ator norte-americano Michael B. Jordan foi utilizada para reconhecimento fotográfico de suspeitos no Ceará. 

Estamos vivenciando uma reatualização digitalizada, uma versão 2.0 do racismo diário praticado pelas polícias quando abordam nossos jovens por estarem em “atitude suspeita”, leia-se: ser negro.

A tecnologia, por si só, jamais será a solução para os desafios da segurança pública. É preciso ter em mente a fala de Abdias Nascimento: “A tecnologia deve existir como sustentáculo para a consagração do homem e da mulher em sua condição de ser”, longe da “atual tendência de escravizar o ser humano”. 

Na cidade berço de Gilberto Freyre cujo pensamento naturalizou a histórica violência sofrida pelo povo negro, a mesma cidade na qual polícia, em 2020, foi responsável pela morte de 113 pessoas – todas elas negras. Insistir numa solução mágica para o problema da segurança, através da implementação da tecnologia de reconhecimento facial, sem considerar o racismo estrutural que fundamenta toda a política de segurança pública local, é apenas puro deslumbramento e negação (do racismo). E, ao que parece, a Prefeitura do Recife está afundada até o pescoço nesse fetiche digital.

*José Vitor e Patrícia Teodósio são advogados e integrantes da Articulação Negra de Pernambuco. 

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.

Editado por: Elen Carvalho
Tags: pernambucoracismorecifesegurança
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

'DESPROPORCIONAL'

Justiça do Rio revoga prisão do MC Poze do Rodo

APÓS DESVIOS

Justiça bloqueia R$ 23,8 milhões de suspeitos de fraude contra INSS

Inação internacional

‘Israel só responde à linguagem militar ou econômica’, diz professor sobre genocídio em Gaza

TRAMITAÇÃO

Câmara aprova aumento de punição a quem provocar incêndios florestais

Big techs

Julgamento do Marco Civil da Internet é decisivo para liberdade de expressão, avalia advogada

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.