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SENTENÇA HISTÓRICA

Argentina é condenada por racismo pela Corte Interamericana de Direitos Humanos

Caso do ativista afrouruguaio assassinado pela polícia argentina em 1996 ainda não aponta responsáveis pelo crime

06.nov.2020 às 12h03
Buenos Aires (Argentina)
Fernanda Paixão

José Delfín Acosta Martínez foi assassinado pela polícia de Buenos Aires com 32 anos, ao defender dois afrobrasileiros de detenção arbitrária - Reprodução

A Argentina foi condenada por racismo pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em uma sentença que atribui ao Estado a responsabilidade pelo assassinato do ativista afrouruguaio José Delfín Acosta Martínez, em 5 de abril de 1996, pela polícia da cidade de Buenos Aires.

A conclusão foi publicada no dia 31 de agosto em um reconhecimento internacional e histórico, em um país com profundas questões de invisibilização do racismo e da presença de negros e afrodescendentes no país. A sentença só veio à público em outubro e foi impulsionada pela própria família Acosta Martínez.

Apesar da importância do reconhecimento internacional, tanto o caso como a sentença da Corte Interamericana foram pouco divulgados no país. A questão racial é pouco discutida na Argentina, que costuma sustentar o discurso de que não há negros no país, apoiando-se, principalmente, em causas de guerra ou de doenças que justificaria a inexistência de afro-argentinos.

A Corte determina o prazo de um ano para a Argentina publicar a íntegra da sentença no boletim oficial do país.

24 anos em busca de justiça

O caso foi fechado duas vezes, com a constatação de uma autópsia realizada na Argentina e as versões policiais contraditórias: a primeira que dizia que José teve um ataque epiléptico (apesar de não ter epilepsia) e a segunda, que ele mesmo tirou sua roupa e se golpeou até provocar sua própria morte.

Apenas após conseguir transferir o corpo, as autópsias realizadas no Uruguai comprovaram a causa de morte pelos golpes sofridos. Nessa instância, também foi possível revisar a conclusão dos exames argentinos: a quantidade de drogas que, a princípio, estava registrada no corpo de José era proporcional a um estado de coma.

"Estão todos comprados, o juiz, o promotor. Todos corruptos", afirma o irmão de José, Ángel Acosta,  Além de esgotar as instâncias legais possíveis na Argentina, ele denuncia que recebeu uma série de ameaças e chegou a sofrer atentados.

"Me atropelaram várias vezes", conta. Em 2004, um atropelamento provocou fraturas graves e o levou a pedir asilo político na Espanha.

Me parabenizam pela sentença da Corte IDH. Mas a verdade é que ainda não se fez justiça

Acompanhamento

O Instituto Nacional Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), é um dos órgãos do estado que devem acompanhar casos como o de José, na Argentina.

Entretanto, Emiliano Montini, diretor de assuntos jurídicos do Instituto, reforça que o órgão não possui um grande repertório de acompanhamento judicial dos casos que recebe.

"Apenas recentemente nos envolvemos diretamente em um caso, que foi o travesticídio de Diana Sacayán. Fomos acusadores no processo", conta.

"Com essa gestão, estamos buscando estar mais ativos e instalar o debate sobre o racismo estrutural no país", ressalta.

Saiba mais: Justiça argentina retira agravante de travesticídio no caso da ativista Diana Sacayán

O Inadi registrou, entre 2008 e 2019, 26.975 casos e denúncias de racismo na Argentina. Segundo o relatório divulgado pelo Instituto, quase um terço das denúncias se referem a discriminação contra pessoas migrantes latino-americanas seguidas do aspecto físico, a condição econômica e a cor da pele.

Entenda o caso

O caso ocorreu na saída de uma boate portenha, Maluco Beleza, frequentada, especialmente, pela comunidade afro na cidade de Buenos Aires.

Conforme registrado em diversas declarações de testemunhas e na descrição do caso na corte internacional, após um corte de luz, os presentes saíram à rua, já amanhecendo.

Uma viatura da polícia federal chegou ao local devido a uma denúncia anônima sobre uma suposta pessoa armada que estaria provocando distúrbios no local, segundo a declaração do chefe da delegacia nº 5.

Um afro-brasileiro foi abordado pelos policiais, e seu irmão foi tentar defendê-lo. Os policiais prenderam os dois, e, ao perceber a abordagem violenta e arbitrária apenas a pessoas negras presentes no local, José Acosta Martínez interviu.

Da mesma maneira que os dois afro-brasileiros, José foi detido arbitrariamente, e levado à delegacia, onde faleceu por uma convulsão provocada por chutes e pauladas provocados pelos oficiais. "Os policiais não aram que meu irmão exigisse seus direitos", afirma

Um caso emblemático

José e Ángel migraram do Uruguai pelas constantes repressões policiais contra as reuniões de candombe – uma expressão cultural afro mantida como patrimônio pelos Acosta Martínez.

"Somos descendentes de uma das famílias africanas mais antigas do Uruguai, que preserva o candombe como forma de vida. Levamos essa influência a todos os lugares", conta Ángel.


Os Acosta Martínez conservam o candombe como patrimônio familiar; ao migrar para a Argentina, conformaram o Grupo Cultural Afro / Reprodução

Assim que chegaram à Argentina, fundaram o Grupo Cultural Afro, para difundir as influências africanistas na cidade de Buenos Aires. Davam aulas de candombe e faziam intervenções culturais em espaços consagrados na cidade.

Também fizeram parte de um grupo que alcançou a descriminalização de religiões de matriz africanas no país. "Não havia movimento de ativismo afrodescendente quando chegamos. Já não havia prática de candombe nas vias públicas, herança do racismo", pontua Ángel.

A ativista afro-uruguaia Sandra Chagas também integrou o Grupo Cultural Afro, e era amiga de José. Veio também jovem à Argentina, onde mora até hoje. Ela ressalta como o racismo é naturalizado no país.

"A Argentina conserva uma perspectiva europeísta de estado-nação. Os afro-argentinos foram invisibilizados e negados historicamente: primeiro, deixaram de ser registrados e, depois, houve todo o processo de embranquecimento, a partir da percepção de que não existe comunidade negra na Argentina", conta Chagas.

"Uma das pessoas mais comprometidas e que mais sabia de direitos entre nós era José. Assim, ele foi defender os dois afrobrasileiros", relembra.

O racismo na Argentina

O racismo estrutural na Argentina invisibiliza a presença histórica da população negra e afrodescendente no país.

Em 1996, mesmo ano do assassinato de José Acosta, ficou conhecida a frase do então presidente Carlos Ménem, afirmando que "na Argentina não existem negros, isso é problema do Brasil".

Atualmente, a comunidade senegalesa que habita a cidade de Buenos Aires sofre com essa característica da sociedade argentina.

Além da dificuldade de conseguir documentos e assistência, os senegaleses constantemente são alvo de repressão policial ao tentar trabalhar como vendedores ambulantes – maior fonte de renda desta população na cidade.

Uma parte notável da naturalização do racismo e da negação no país é expressa no vocabulário argentino.

O uso pejorativo da palavra "negro" no país é uma forma de adjetivar negativamente a algo e, principalmente, alguém, independente da cor de pele da pessoa. As origens racistas do termo são normalmente negadas, postura observada em distintos grupos sociais no país.

"Infelizmente, o caso de José não é um fato isolado", comenta Emiliano Montini, do Inadi. "O racismo está muito arraigado no nosso país, e em práticas que são consideradas engraçadas, como parte da cultura", aponta.

A sentença da Corte Interamericana sobre o caso de José inclui o pedido da construção de um monumento de José no Parque Lezama, em San Telmo, onde se fazia a quarentena dos escravizados africanos levados à Argentina.

Também estipula a instalação de câmeras de filmagem em todas as delegacias da cidade e a capacitação da polícia em discriminação racial.

O Brasil de Fato procurou o Ministério de Segurança argentino para comentar a sentença, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno.

Editado por: Marina Duarte de Souza
Ler em:
Espanhol
Tags: argentinabuenos airescidhdireitos humanosracismoviolência policial
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