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Artigo

Artigo | O vírus do medo

A covid-19 aparece como o inimigo comum que justifica ações governamentais que agravam a síndrome do medo e a violência

31.ago.2020 às 01h42
Porto Alegre
Alice Itani e Clarisse Chiappini

Uma parcela significativa da população está dominada pelo temor de contrair essa infecção lado a lado com uma profunda insegurança face à miséria e ao desemprego - Reprodução

(…) cada fase da globalização capitalista, inclusive a atual, veio acompanhada de um retorno aos aspectos mais violentos da acumulação primitiva, o que demonstra que a continua expulsão dos camponeses da terra, a guerra e o saque em escala global e a degradação das mulheres são condições necessárias para a existência do capitalismo em qualquer época. (FEDERICI, Silvia, 2010, p. 22).

A pandemia da covid-19 parece ter empurrado a humanidade para o império do medo. Medo como sempre colado à violência, ao preconceito e ao fundamentalismo religioso.

Uma parcela significativa da população está dominada pelo temor de contrair essa infecção lado a lado com uma profunda insegurança face à miséria e ao desemprego. Ressalte-se que esses sentimentos já se manifestavam antes do vírus. Esse cenário na última década está composto por medidas de destruição de direitos sociais e trabalhistas, de corrosão das instituições sociais e políticas e de atividades que controlam a destruição ambiental.

No Brasil esse quadro foi atribuído pela mídia conservadora, pelos políticos da extrema direita, pelos pastores fundamentalistas, pelo agronegócio, entre outros grupos, à corrupção dos políticos (da esquerda é obvio) e ao mau funcionamento das instituições democráticas. Esse cenário foi completado com a ação das fake news que levou à catástrofe maior: a eleição do mais corrupto, incompetente e reacionário dos governos que o Brasil e os EUA já viveram.

O que se retira dessa experiência?

A infecção da covid-19 aparece como o inimigo comum que justifica ações governamentais que agravam a síndrome do medo e a violência.

O medo é um sentimento presente entre os seres vivos. Sem o medo nenhuma espécie teria sobrevivido. É um sentimento humano considerado, na Idade Média, como característico dos pobres e fracos. Era assim utilizado pelos monarcas para submeter a população. Também as epidemias e surtos estão presentes na experiência humana, em diferentes períodos da história, como a cólera, o tifo, as diferentes gripes e a peste que dizimou populações.

O uso do medo como instrumento de dominação também não é novo. O império do medo está povoado por símbolos cósmicos (cataclismas, tempestades, a vontade divina); bestiários (lobos, dragões, corujas); objetos e seres maléficos (cemitérios, instrumentos de suplício, ataúdes, demônios, feiticeiros e bruxas). A voz do deus europeu foi utilizada para justificar a evangelização e o genocídio dos povos nativos nos territórios invadidos.

A classificação de grupos não enquadrados na ordem dominante como revoltosos e perigosos, como as bruxas, funcionou como instrumento de dominação dos homens sobre as mulheres e para dividir a sociedade para governar.

No tempo presente, a pandemia do coronavírus vem a reforçar a política do medo de forma a garantir a adoção de medidas de interesses políticos e econômicos dos capitalistas e de destruição dos direitos sociais e trabalhistas, bem como de extermínio de populações pobres e vulneráveis.

Mas, a crise é consequência do vírus?

A pandemia da covid-19 ocorre num momento de crise do capitalismo, cujos sintomas tornaram-se evidentes desde 2008, pelo predomínio da financeirização mundializada (F. Chesnais, 01.05.2020).

Na esteira da financeirização mundializada, uma nova divisão internacional do trabalho é gestada com o esgotamento dos espaços para o investimento produtivo. Emergem daí fortes traços do processo de acumulação primitiva, que caracterizaram o modelo agroexportador brasileiro, e uma nova dinâmica produtiva, baseada nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Junto com a financeirização, afirma-se uma nova cadeia produtiva que se alimenta do extrativismo mineral, gerando novas hierarquias mundiais em termos de apropriação dos valores bem como do nível de destruição ambiental. No hemisfério Sul os investimentos das grandes corporações internacionais orientam-se aos setores mais agressivos ao meio ambiente e, em atividades que empregam trabalho informal, escravo e semiescravo. Essa é a via seguida pelo Brasil e que explica a “flexibilização” da legislação trabalhista, os projetos de privatização, as tentativas de extinção do SUS e a desregulamentação do controle ambiental.

O Brasil e os demais países que não estão a frente dessa cadeia de valor, participam apenas como consumidores desses produtos, na montagem dos produtos de ponta e, principalmente, no fornecimento de matérias primas, minerais, energia, água e proteína animal. A função é de disponibilizar grandes extensões de terra para produção de proteína animal; de minerais estratégicos como lítio, nióbio, cobre e minério de ferro; de água e de energia como petróleo. A monocultura de grãos, em particular da soja, tem sua importância vinculada sobretudo à ampliação das exportações para redução do déficit comercial e à alimentação animal. Com isso o uso de agrotóxicos e transgênicos generalizou-se.

As crescentes invasões de reservas indígenas e o aumento acelerado no desmatamento a partir de 2019 é o retrato dessa devastação por meio de grilagem, invasão pelas milícias organizadas e das queimadas.

Na outra ponta da nova cadeia produtiva situa-se a chamada indústria 4.0, baseada na apropriação do valor das atividades tecnologicamente mais avançadas, cuja produção se concentra nos países do hemisfério Norte, como os EUA, União Européia e Inglaterra e, alguns novos players, como a China, o Japão e a Coréia.

É possível pensar novas saídas?

Em suma, a pandemia não é a única responsável pelo medo e pela desestruturação social que vem se construindo. Pelo contrário, seu surgimento, assim como das doenças que estão por vir, é consequência da destruição ambiental, do desmatamento, do uso intensivo de agrotóxicos e do desenvolvimento de produtos transgênicos.

O medo expressa a insegurança diante da sobrevivência e da falta de perspectivas, acentuado pela violência da palavra pública e pelas forças da repressão. Entretanto, as mentes fragilizadas são mais propícias para esse processo de colonização do imaginário, suscetível a falsos dilemas e notícias, que predominam na mídia e redes sociais. Ter domínio do próprio tempo para a construção de um futuro. Tempo para delinear estratégias e perspectivas de um bem viver, pelo cuidado de si e dos próximos. Desapegar-se do domínio de necessidades, da política do consumo.

O momento para os grupos oprimidos é de pensar e construir um futuro menos catastrófico do que se apresenta. Só com uma transformação radical da sociedade e da ação dos novos movimentos sociais é possível projetar uma melhor qualidade de vida, pelo cuidado de si e dos próximos. Enfim, a saída, se houver, a pela construção de novas formas de organizações sociais capazes de ir além das instituições tradicionais para realizar transformações radicais.

……………………………………………………..

CHESNAIS, F. (01.05.2020) – entrevista Tutaméia

FEDERICI, Silvia (2010) – Caliban y la Bruja, ed. Tinta Limon, Buenos Aires, Argentina, pp. 22.

* Alice Itani é socióloga e Clarisse Chiappini Castilhos é economista

Editado por: Katia Marko
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