Desenhar Minas Gerais como espaço habitado por um povo pacato, conciliador e conservador é uma narrativa deformada da realidade que a elite tenta de todas as formas consolidar. A trajetória deste povo é bem diferente. Aqui é a moradia da rebeldia e da organização de um projeto alternativo de sociedade.
Sistematicamente existe uma tentativa de desvalorizar o caminhar do nosso povo. Dois fatos históricos saltam aos olhos dos observadores sinceros.
O primeiro é o movimento da insurgência contra a coroa portuguesa em abril de 1789. Os limites teóricos dos inconfidentes são ressaltados, mas o brilhantismo do fato de colocarem a LIBERDADE como valor central do movimento é apagado. Alguns incautos afirmam que o movimento mineiro recebeu forte influência da Revolução sa, porém, o movimento de Minas Gerais aconteceu em 21 de abril e o da França em 14 de julho do mesmo ano. Sabemos que o movimento Francês mudou a história da humanidade, foi um acontecimento ímpar, mas não podemos diminuir o feito dos Inconfidentes.
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O segundo fato é a greve dos metalúrgicos de Contagem e Belo Horizonte em abril de 1967. Muitos comentam sobre a Greve de Osasco de 16 julho de 67, e colocam a Greve de Contagem em segundo plano. A Greve de Osasco tinha um rosto conhecido, José Ibrahin e teve principalmente a participação dos trabalhadores da Cobrasma. A greve de Contagem foi vitoriosa e de massa. Houve um grande trabalho de organização clandestino. A ditadura não conseguiu mapear as lideranças.
Hoje sabemos que no comando da direção da greve uma das principais lideranças era uma mulher, pequena no tamanho, gigante na dedicação da preparação do movimento. Seu nome: Conceição. A verdade é que a Greve de Contagem influenciou a Greve de Osasco.
Existem outros acontecimentos importantes: Uma das primeiras greves operárias no Brasil aconteceu em Juiz de Fora; na revolução de 30, Minas teve papel de destaque; no parlamento mineiro, antes do golpe, os deputados operários eram uma presença ativa; JK foi um grande nacionalista; o encontro da reconstrução da UNE, foi realizado aqui em BH; o Fora-Collor teve o lançamento em BH, estes são alguns atos dos mineiros.
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Em Minas, atualmente, tem um governador que não conhece a história dos mineiros. Pensa que pode privatizar a Copasa e a Cemig, diminuir o SUS, alterar a previdência dos professores e outras reformas neoliberais, pensa que pode fazer isso sem enfrentar resistência e luta. A história de Minas continua a ser escrita, e como diz a letra da música, vai atropelar todos aqueles que a neguem.
Wagner Xavier é pedagogo e assessor do Sindágua/ MG.
