"Como você tem dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas, vai ter que definir onde vai investir. Tenho uma pessoa mais idosa, que tem uma doença crônica, avançada, e teve uma complicação. Para ela melhorar, vou gastar o mesmo que gastarei para salvar um adolescente que está com um problema. Só que um é um adolescente, que terá a vida inteira pela frente, e o outro é uma pessoa idosa, que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha">
O ministro fez a fala durante um sobre “Oncologia sustentável e justa”, em que afirmou, de acordo com o Instituto Oncoguia, que “discussão é sobre a eficiência do sistema e como os recursos são utilizados para torná-lo eficiente.”
Carreira
O médico oncologista Nelson Luiz Sperle Teich chega ao Ministério da Saúde para substituir Luiz Henrique Mandetta, demitido do cargo nesta quinta-feira (16), em meio à pandemia do coronavírus e com a missão de tentar emplacar o discurso do presidente Jair Bolsonaro, de que a economia e a saúde devem estar no mesmo patamar.
Formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Teich se especializou em Oncologia no Instituto Nacional do Câncer (Inca). O novo ministro é sócio em dez empresas e fundou o grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas), no qual era sócio de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, pasta vinculada ao Ministério da Saúde.
Um artigo publicado no dia 3 de abril por Teich indica que o Ministério da Saúde deve seguir os mesmos caminhos da gestão de Mandetta. No texto, o novo ministro se queixa da polarização entre saúde e economia e critica o isolamento vertical, proposto por Jair Bolsonaro.
“Essa estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema. Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o ar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa. O ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente”, pondera o novo ministro.
Sobre a proposta recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também por seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, Teich afirma: “Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país.”
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