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Entrevista

Joanna Maranhão: “Pensem bem seus ídolos esportivos, não restrinjam aos resultados”

Ex-nadadora olímpica fala sobre aposentadoria, gestão pública, educação sexual e retrocessos nas políticas esportivas

15.abr.2019 às 18h48
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h48
Recife (PE)
Marcos Barbosa
Joanna anunciou aposentadoria das piscinas em 2018

Joanna anunciou aposentadoria das piscinas em 2018 - CBDA

Por sua atuação como atleta de alto rendimento, Joanna Maranhão é considerada a melhor nadadora brasileira em Olimpíadas. Em 27 de julho de 2018, Joanna publicou em sua conta pessoal na rede social Twitter que estaria se despedindo das piscinas. “Foi massa essa viagem incrível ao esporte de alto rendimento. Dos 3 aos 31 [anos] vivi tanta coisa! Muito grata por ter representado meu país em 4 jogos olímpicos! Essa página chega hoje ao fim”, anunciava a mensagem.

Joanna conta que, logo após anunciar a aposentadoria das piscinas, houve um momento de incertezas e dificuldades. “É uma transição de carreira que amedronta bastante. Eu publiquei, trouxe à tona, que eu iria parar de nadar ali, mas já tinha parado de nadar há alguns meses. Eu já estava me testando. O meu tempo enquanto atleta de alto rendimento havia ado”.

No entanto, rapidamente, novos desafios foram se desenhando e, hoje, ela integra a Secretaria Executiva de Esportes do Recife, dentro da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, assumindo a Gerência de Rendimento/Projetos Especiais. “Está sendo um desafio muito grande. Na gestão pública, você não trabalha sozinho, tem uma equipe que trabalha comigo. Eu não gosto de trabalhar de maneira hierarquizada. Eu repito, o tempo inteiro, que, se eu for exonerada hoje, todos os programas dos quais eu tomo conta vão continuar acontecendo. Porque o que importa é que os programas cheguem lá na ponta e com qualidade”, conta. Ela reforça, ainda, que pretende centrar esforços nas áreas de capacitação profissional e na qualidade de política pública para a população.

Carreira olímpica

Inserida no que ela considera um “ambiente extremamente meritocrático”, apesar de recordista na modalidade esportiva à qual decidiu se dedicar durante maior parte da vida, Joanna se reconhece como uma privilegiada. Aprendeu a nadar ainda criança, aos três anos de idade. Aos 16 anos, já possuía patrocínio, era da seleção brasileira, finalista nas Olimpíadas e medalhista pan-americana. “Se no Brasil, de um modo geral, a gente tem carência de ídolo esportivo, em Pernambuco a gente tem ainda mais”, declara.

Ela reconhece que a fama de menina prodígio teve pontos positivos, mas também teve seus contras. “Eu acho que isso não foi muito bom para minha maturidade. Não que isso tenha me levado a me ‘achar ser alguém’, porque sempre tive meus pés no chão. Mas, me amedrontou, porque o atleta, de uma maneira geral, não procura a publicidade. Isso é uma consequência dos resultados que ele produz. Então, eu não escolhi ser pública, eu me tornei pública”, conta. 
Nadadora competente e de bastante opinião, ela reitera que não era porque estava na vitrine esportiva que ela se sentia na obrigação de abrir mão da própria autenticidade: “Eu gosto de falar de absolutamente tudo. O que eu vejo como problema é essa falsa verdade que foi colocada para nós, de que atleta só fala sobre treino, de que a gente é aquele super-herói que condiciona o físico e só fala sobre isso”. 
Na medida em que foi amadurecendo, Joanna foi se interessando por temas relacionados à política, sociedade, políticas públicas e direitos, e não evitou utilizar sua visibilidade de pessoa pública para pautar tais questões. “Hoje eu entendo que é só uma cultura esportiva que é completamente errada. Eu repito muito para as pessoas: pensem muito bem os seus ídolos esportivos, não restrinjam ao resultado que essas pessoas dão”, reforça.

Lei Joanna Maranhão 

Um dos momentos em que a atuação pública de Joanna Maranhão superou os limites dos esportes foi quando ela trouxe a público a história do abuso sexual que sofreu ainda criança. “Comecei a terapia em 2005 e durante três anos ei por esse processo de verbalização para as pessoas mais próximas, até chegar ao ponto de me sentir confortável o suficiente para compartilhar isso com as pessoas que queriam saber o que tinha acontecido comigo”, relembra.
Apesar do abuso ter acontecido em 1996, Joanna só se sentiu pronta para falar sobre esse assunto em 2008. “Eu tinha 21 anos, o crime já havia prescrito, porque, até então, quando você sofria algum tipo de abuso ou exploração sexual, quando a vítima fazia 18 anos ele deixava de existir”. Em 2009, a atleta foi convidada pelo Senado Federal para participar de um projeto de lei que visava alterar o tempo de prescrição de crimes desse tipo. Esse tempo de prescrição iria começar a contar a partir do momento que a vítima completa 18 anos. Em 2012, foi sancionada a lei 12.650, batizada Lei Joanna Maranhão. 
“Apesar da lei não ser retroativa e eu não poder ser beneficiada com ela, a gente consegue beneficiar outras pessoas. Eu acho que as nossas leis devem ser pautadas por aí, estudando os acontecimentos. Se as vítimas silenciam, se as crianças calam porque têm medo, mas, com a maturidade, ela tem conhecimento e verbaliza, é o tempo dela para trazer isso à tona”, afirma. Joanna lembra, por exemplo, que muitas das vítimas de abuso sexual pelo médium curador João de Deus, que ganhou notoriedade este ano, conseguiram fazer denúncias através da Lei Joanna Maranhão.
Apesar dos avanços, ela reconhece que a Lei Joanna Maranhão é apenas um começo: “O ideal seria que esse crime não prescrevesse nunca. Quando a gente a por algum trauma, não tem como desqualificar. A dor é genuína, ela dói, a gente sofre e não escolhe”. Por isso, Joanna segue acompanhando essa luta. Ela lembra que, outro o importante, foi a Lei da Escuta Protegida, de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. “Temos agora a lei da escuta protegida, que faz com que o conselho tutelar tenha uma pessoa capacitada, de preferência uma psicóloga mulher, para fazer perguntas para uma criança que a justiça precisa saber. Agora, a gente tem que pressionar para que os municípios coloquem, de fato, essa lei em vigência”, frisa.

Educação Sexual

Logo após sancionada a Lei Joanna Maranhão, a atleta ou a desenvolver outras ações voltadas para a prevenção do abuso sexual de crianças e adolescentes. Em 2014, ela deu início ao Projeto Infância Livre que, a princípio, funcionaria como rede de apoio para crianças vítimas de abuso sexual, mas o projeto acabou identificando novos desafios durante a instauração. Ela conta que existem várias dificuldades que fazem com que uma criança, ou sua família, não consiga denunciar os abusos que sofre, por isso, “era preciso um trabalho de educação sexual nas escolas, locais esportivos, igrejas, todos esses locais onde existem essas relações de poder e os abusos acontecem”. 
De acordo com Joanna, existe um equívoco por parte da população sobre o que é educação sexual, que nada tem a ver com incentivar precocemente a sexualidade da criança, mas diferenciar o que é um carinho permissivo de um carinho abusivo, e tirar dúvidas sobre a puberdade, visando a construção de uma vida sexual saudável e atuando na prevenção de problemas como gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis (DST). “Estudos comprovam que quanto mais você educa sexualmente a criança, mais tarde ela vai começar a vida sexual dela. Crianças que sofreram abuso e tomam conhecimento através desse processo, têm menos traumas que pessoas como eu, por exemplo, que só consegui verbalizar isso com 18 anos para frente”, afirma.
Para ela, o tema da educação sexual tem sido usado como “arma política” por determinados grupos do cenário político brasileiro, que colocam pessoas que trabalham com educação sexual como “predadores”, o que contribuiria para que parte população não entendesse do que realmente se trata: “Minha teoria é muito simples, existem dois tipos de pessoas que são contra educação sexual: a primeira, é aquela que não sabe do que se trata; a segunda, são aquelas pessoas que têm medo que as crianças comecem a falar”. 

Bolsa Atleta

Joanna também demonstrou preocupação com o futuro do esporte nacional, levando em consideração o cenário de desafios que se configura para os atletas brasileiros com a atual gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em 2019, o Ministério do Esporte foi extinto pelo atual presidente. A pasta do esporte foi incorporada ao Ministério da Cidadania, juntamente com o Ministério do Cultura e Ministério do Desenvolvimento Social. Além disso, o governo Bolsonaro também tem dado continuidade às medidas de redução de investimento na carreira de muitos atletas, iniciada ainda pelo ex-presidente Michel Temer com os cortes do programa Bolsa Atleta. 
Para Joanna Maranhão, o Bolsa Atleta, que é considerado o maior programa de patrocínio individual de atletas no mundo, vem sofrendo com uma cultura “de que toda assistência que vem do governo é uma bolsa esmola” e tem atingido, principalmente, os investimentos feitos em atletas iniciantes, em desenvolvimento e paratletas. “Em um momento de crise financeira é óbvio que existem cortes, só não consigo compreender como esses cortes vêm na base”, afirma. 
Além dos cortes no Bolsa Atleta realizados por Temer, Joanna também criticou as primeiras medidas do atual governo para o esporte nacional: “No governo Bolsonaro, quem está com a pasta de esportes são os militares. Então, eles aumentam o número de atletas militares. Só que você tem que entender que atleta militar corta todos os atletas paralímpicos”. De acordo com a nadadora, que já atuou como atleta militar, essa categoria contempla apenas aqueles considerados atletas olímpicos e acima de 18 anos de idade. “Então, ser vendido como ‘olha, o governo está fazendo [algo] pelo esporte, aumentou o número de atletas militares para compensar os cortes na bolsa’. Não, os cortes na bolsa foram na base. O que Bolsonaro e o governo querem com isso, é atleta de alto rendimento prestando continência no pódio”, defende.

Editado por: Monyse Ravena
Tags: atletabolsonaropernambucopolítica públicarecife
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