Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

Discussão

O que a polêmica sobre o filme “Vazante” nos ensina sobre a fragilidade branca

Obra, que estreiou em 9 de novembro provoca debates sobre a escravidão no país, mas é um filme de brancos para brancos

17.nov.2017 às 09h31
Ana Maria Gonçalves
|The Intercept Brasil
Cena do filme “Vazante”, de Daniela Thomas (Distribuição: Europa Filmes)

Cena do filme “Vazante”, de Daniela Thomas (Distribuição: Europa Filmes) - Reprodução

Primeiro trabalho solo de Daniela Thomas, “Vazante”, que entrou em cartaz há uma semana, no dia 9 de novembro, foi vendido pela imprensa como um retrato da escravidão no país — mas não é o que entrega. O filme tem o mérito de provocar a conversa sobre a representação histórica da escravidão e de povos escravizados no cinema, mas também é uma obra de brancos para brancos, que está longe de se inserir na cinematografia brasileira como algo que vá muito além disso ao tratar do assunto em questão.

Assisti a “Vazante” para participar do programa da TV Globo “Conversa com Pedro Bial” junto  com a diretora do filme e o cineasta Joel Zito Araújo. Durante o programa, Daniela explica que o filme nasceu a partir de uma história que vem sendo contada há décadas em sua família: a de um parente de 50 anos que se casou com uma menina de doze. O episódio, bem retratado em “Vazante”, aconteceu no início do século XX, mas Daniela escolheu recuar 100 anos e contá-la como se tivesse se ado em 1821.

E é aí que, para mim, começa o grande problema: no filme, a escravidão vira mera moldura, plano de fundo, com personagens negros sem voz, sem nome, sem profundidade, sem desenvolvimento, servindo de escadas para os personagens brancos.

Durante a preparação para a conversa na televisão, li muita coisa que já foi publicada sobre o filme e assisti aos vídeos do polêmico debate no Festival de Cinema de Brasília.

Durante o evento no Distrito Federal, Daniela se assustou com os questionamentos – porque julgava ter feito o dever de casa para tratar de tema ainda tão distante da realidade e do cotidiano da maioria da população branca do país.

É interessante comparar o que realmente aconteceu com a percepção e a reação de Daniela, expostas em artigo escrito por ela alguns dias após ao debate. Citado no texto da diretora, o crítico de cinema Juliano Gomes escreveu em resposta um excelente e preciso texto, no qual define como “fragilidade branca” o comportamento de pessoas brancas quando confrontadas com suas ideias em relação à escravidão negra e ao racismo.

O conceito foi cunhado pela professora estadunidense Robin DiAngelo, que nasceu branca e pobre e cresceu consciente de como a opressão de classe influenciava sua vida, mas sem muita noção de seu privilégio de cor. Na vida acadêmica, DiAngelo resolveu analisar a própria experiência nos grupos com os quais conviveu e como essa vivência contribuía para perpetuar o racismo.

O resultado é um trabalho interessante, que DiAngelo aprimorou durante os cursos em que fala de racismo e branquitude para plateias majoritariamente brancas. Vale a pena acompanhar também o caso da estudante canadense que está sendo acusada de “racismo reverso” e sofrendo um processo disciplinar em sua universidade por ter usado a expressão “fragilidade branca” em um post de Facebook.

Achei oportuno escrever sobre esse conceito porque também tenho pensado bastante nele ultimamente. Tenho feito palestras e ministrado cursos sobre racismo para plateias majoritariamente – e, às vezes, exclusivamente – brancas, e detectado comportamentos que se encaixam perfeitamente em sua descrição.

As consequências de um ambiente isolado de estresse racial

Segundo DiAngelo, “pessoas brancas vivem em um ambiente social que as protege e isola do estresse racial”. Este ambiente isolado (mediado por classe, instituições, representação cultural, mídia, livros, propaganda, discursos dominantes etc…) constrói a expectativa dos brancos de se manterem dentro de uma zona de conforto racial, ao mesmo tempo em que diminui a capacidade de tolerância ao estresse causado pelo assunto, levando à fragilidade branca.

Nesse estado, a mínima quantidade de estresse se torna intolerável, provocando uma série de atitudes defensivas, que incluem demonstrações de raiva, medo e culpa, e comportamentos como silenciamento e afastamento da situação que causou o estresse. Isto funciona para restabelecer o equilíbrio racial branco que, por sua vez, pode levar a um isolamento e uma proteção ainda maiores, que voltam a provocar o estresse quando acontece um novo confronto com o tema. Ou seja, um ciclo vicioso que impossibilita o diálogo aberto e honesto e mantém o status quo.

DiAngelo cita algumas situações que costumam provocar reações típicas dessa fragilidade branca:

"Quando se sugere que o ponto de vista de uma pessoa branca também é moldado por referências racializadas – ou seja, quando alguém lembra de mencionar que branco também é raça, e não um padrão a partir do qual apenas as pessoas não brancas são racializadas.

Quando pessoas negras não querem compartilhar suas histórias ou responder questões sobre suas experiências raciais – pessoas brancas muitas vezes esperam que pessoas negras estejam sempre dispostas a educá-las em relação a assuntos raciais, sentindo-se frustradas ou “desobedecidas” quando isso não acontece.

Quando pessoas negras afirmam a importância de fazerem parte de um grupo – ao se negarem a abrir mão de uma identidade negra que as insere em um determinado grupo, em nome de demandas que lhe são caras e específicas, pessoas negras desafiam o individualismo liberal.

Quando pessoas negras salientam o o desigual a oportunidades, desafiando o conceito de meritocracia tão caro a pessoas brancas que acreditam que todos podem conseguir o que quiserem, desde que se esforcem.

Quando pessoas negras estão em posição de liderança ou de destaque — tanto no ambiente profissional quanto social ou cultural (em papéis centrais e não estereotipados em filmes, por exemplo) –, desafiando a ideia de centralidade e/ou liderança brancas."

DiAngelo enumera ainda outras situações em seu artigo, sendo que muitas podem ser facilmente observadas e identificadas em experiências cotidianas. É interessante observar que o conceito de fragilidade branca também pode ser aplicado a outras questões, como fragilidade hétero ou masculinidade frágil, por exemplo.

Ao mesmo tempo em que a reação conservadora é cada vez mais violenta ao avanço e ao não silenciamento das minorias, consigo ver o cenário atual com um pouco de otimismo: há rachaduras nas bolhas que envolvem as zonas de conforto, e o que antes parecia rigidamente estabelecido está sendo exposto com todas as suas fragilidades. O que agora pode ser apenas rachadura há de se tornar ruptura, porque nada volta a se recompor do jeito que era antes. Aos que estão atentos e dispostos a fazer o movimento: o desconforto é bom. É o que nos faz avançar.

Editado por: The Intercept Brasil
Conteúdo originalmente publicado em The Intercept Brasil
Tags: escravidãoracismo
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Luta por justiça

Familiares de Victor Cerqueira participam de audiência pública sobre letalidade policial na Bahia nesta sexta (30)

DESIGUALDADE

Economia não gira com dinheiro na mão de poucos, diz Lula

ARTIGO

Governo Lula e os bilionários da floresta: errar hoje para errar muito mais amanhã

MEMÓRIA

El guacho – Pepe Mujica

Pressão do Congresso

Governo acerta no IOF, mas erra na comunicação, avalia cientista político

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.