A ex-presidenta Dilma Rousseff participou neste sábado (08) do evento Brazil Conference, realizado pela Universidade de Harvard e pelo MIT (sigla em inglês para Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em Boston, nos Estados Unidos. Durante quase uma hora, Dilma falou sobre as crises política e econômica brasileiras e disse estar preocupada com a tentativa de mudança nas "regras do jogo democrático" com uma eventual prisão do ex-presidente Lula para evitar sua candidatura para as eleições presidenciais de 2018.
Para Dilma, os atores do golpe que a destituiu em agosto do ano ado subestimaram a crise política que eles próprios criaram e agora sofrem as consequências, com um governo altamente impopular e travado pela crise econômica. A ex-presidenta ressaltou a necessidade de fortalecer a democracia e seus valores. Para ela, só eleições diretas vão recolocar o Brasil no caminho do desenvolvimento.
"A democracia é o lado certo da história e eu acredito no Brasil. Nós precisamos de eleições diretas. Só vamos retomar o desenvolvimento com eleições diretas", disse Dilma, que também se mostrou a favor do financiamento público. "Acho que financiamento público seria extremamente pedagógico para todos nós. O Brasil sempre melhorou quando a democracia existiu plenamente. Todos os governos democráticos agregaram. Você pode discordar, mas eram governos legítimos".
“Me preocupa que prendam o Lula, que tirem o Lula da parada”, disse a ex-presidenta. “Ele tem nas pesquisas 38% [de intenção de voto] mesmo com tudo que fizeram. Acho que Lula tem que concorrer, se perder é das regras do jogo". As falas de Dilma sobre Lula provocaram reações na plateia. "Deixa ele (Lula) concorrer para ver se ele não ganha".
A ex-presidenta reconheceu que o PT errou ao longo dos últimos anos, mas ressaltou que a reconstrução dos valores democráticos do país a pelos partidos. Ela alertou para os chamados "salvadores da pátria". “Não podemos acreditar em salvadores da pátria. Não há diálogo sem partido político”, disse Dilma.
Mesmo citar especificamente a Operação Lava Jato, a ex-presidenta criticou a perseguição a partidos e empresas públicas, que se iniciou desde a deflagração da operação. "Você não pode destruir um partido ou uma empresa. Que se punam os indivíduos. O partido em si não pode ser corrupto". Dilma afirmou que, pessoalmente, tem restrições às empreiteiras, mas "não se pode destruir a engenharia brasileira" e reforçou que os culpados precisam ser punidos.
"Eu não tenho medo nem culpa", finalizou Dilma Rousseff.
*Com GGN e Brasil 247