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Início Bem viver Cultura

CRÔNICA

Carta para Talita

Afinal, quem ainda escreve cartas ou crônicas de jornal?

02.dez.2016 às 18h37
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h37
Recife
Roberto Efrem Filho
Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.

Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra. - Roberto Efrem Filho – ou Beto, como gosta – é do Recife e, vez ou outra, desajeita-se na palavra.

[Recife, 30 de novembro de 2016, ao som do disco de 1978 de Bethânia, “Álibi”]. Tata, só agora consegui ler a sua carta. Acordei meio encharcado de madrugada e tensão. Sim, a escrita da tese… – ao menos é o que venho me dizendo para justificar toda instabilidade, a majoração galáctica dos meus transtornos obsessivos e a repetição insegura das mesmas músicas a percorrer a massa quente, densa e quase vermelha de ar que se forma dentro de um apartamento onde um homem escreve e se angustia. Acordei só. Iran está no Rio, foi receber um prêmio, estamos felizes. Levantei, ei o café, abri as portas da varanda para que a língua macia da manhã lambesse o livro de contos de Cortázar sobre o baú e os discos de Maria Bethânia que guardo desde a adolescência – aquele dramalhão, você pode imaginar, costas molhadas escorregando nos azulejos do banheiro, chuveiro aberto oceanos e lágrimas peremptórias desatadas apocalipticamente! Tudo bem, pode rir. E se achar. Aproveitei a manhã para mudar de lugar o vaso da hortelã que me parecia tristíssima. Descansei-a ao sol, como meu pai fazia com as gaiolas dos canários. Os bichinhos cantavam e, é verdade, pareciam-me felicíssimos. Eu estava às vésperas de ouvir a hortelã cantar quando pus Bethânia para tocar e abri o seu envelope. “Que seja doce” estava dito. Essa frase de Caio F. sempre me traz Rebeca. Ela é doce, nós sabemos, mas diz isso com aquele sorriso de Dimas se deixar. A máquina de datilografar na Estação da República, você encontrou, deve ter mesmo algo de nosso. Quando vou a São Paulo, é comum ar por ali. Regina mora na Rua do Arouche e me recebe com felinos fabulares, a cadela Capitu e uma cidade sua no interior de um apartamento onde uma mulher escreve, trabalha, faz-se inteira e, como nós, ri-se e se angustia. Mas, Tata, deve haver algo de nosso ali porque não há palavra alheia a setembro. Ou ao sol deste virgem sob o qual nascemos e no qual, de certo, não acreditamos o suficiente. Acho que já lhe contei. Logo que Mariana e eu nos conhecemos, ela nos conectou a constelações. Você e eu teríamos este jeito, assim, “assertivo”… Talvez fosse melhor dizer da capacidade de se mover grave num nó de fragilidades. Iran se equivoca ao remeter essa mania de “certezas” a minha formação jurídica. “Advogado”, ele diz. Não se trata disso. Tem mais a ver com a Talita que existe em mim. Ah, Tata, gosto de ouvir você falar – e você fala! – construindo com firmeza e destreza a arquitetura dos argumentos. Você é hábil. É provável que, como eu, você se perca na ansiedade. Esmera-se, contudo, na tentativa daquela doçura. Gosto de receber suas cartas e de saber que você, também como eu, é dada a essas práticas já antiquadas. Afinal, quem ainda escreve cartas ou crônicas de jornal? Nós cantamos como canários e hortelãs. Eu desafino. E seguimos ao Bela Vista e nos encontramos do lado direito da corda do Eu Acho é Pouco. Tata, eu amo você porque já era seu o carnaval que aprendi, com Mariana, a brincar.

Editado por: Redação
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